Palavras pronunciadas por Bento XVI no passado Domingo, 18 de Fevereiro, antes de recitar a oração do Angelus:O Evangelho deste domingo contém uma das palavras mais típicas e fortes da pregação de Jesus: «Amai os vossos inimigos» (Lc 6, 27). Está tirada do Evangelho de Lucas, mas encontra-se também no de Mateus (5, 44), no contexto do discurso programático que se abre com as famosas "Bem-aventuranças". Jesus pronunciou-o na Galileia, no início da sua vida pública: quase uma "declaração" apresentada a todos, com a qual Ele pede a adesão dos seus discípulos, propondo-lhes em termos radicais o seu modelo de vida. […] Exactamente esta página evangélica é considerada a
magna charta da não-violência cristã, que não consiste em entregar-se ao mal segundo uma falsa interpretação do "oferecer a outra face" (cf. Lc 6, 29) mas em responder ao mal com o bem (cf. Rm 12, 17-21), quebrando dessa forma a corrente da injustiça. Então, compreende-se que a não-violência para os cristãos não é um mero comportamento táctico, mas um modo de ser da pessoa, uma atitude de quem está
tão convicto do amor de Deus e do seu poder, que não tem medo de enfrentar o mal somente com as armas do amor e da verdade. O amor ao inimigo constitui o núcleo da "revolução cristã", uma revolução baseada não em estratégias de poder económico, político ou mediático. A revolução do amor, um amor que definitivamente não se apoia nos recursos humanos, mas é dom de Deus que se obtém confiando unicamente e sem reservas na sua bondade misericordiosa. Eis a novidade do Evangelho, que muda o mundo sem fazer rumor. Eis o heroísmo dos "pequenos", que crêem no amor de Deus e o difundem até à custa da vida.
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