a OBSERVATÓRIO DA PAX: abril 2011

sábado, 30 de abril de 2011

CULTURA DA PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA: Pax Christi Internacional nomeada para o Prémio Nobel da Paz

Em Março de 2011, o Comité Norueguês do Nobel confirmou a nomeação da Pax Christi Internacional como candidata ao Prémio Nobel da Paz 2011.

Este ano, foram registados 241 candidatos. O nome do galardoado com o Prémio para 2011 será anunciado no próximo dia 7 de Outubro.

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João Paulo II, humilde peregrino da paz

Das muitas memórias que guardamos do Papa João Paulo II uma, que é fundamental, é a da sua coerência enquanto embaixador da paz. Ele ensinou-nos que a paz é claramente a única forma de construir a justiça para todos e que a verdadeira coragem está no trabalho pela paz.
O Papa João Paulo II encarava a construção da paz como uma tarefa urgente para todos, não apenas para aqueles que, como ele, eram ouvidos pelos líderes políticos do mundo. Por isso, pedia insistentemente a todos que concretizassem "gestos de paz". Também ele deu o exemplo, aproveitando inúmeras oportunidades para ser testemunho de paz e de reconciliação.
Curar as feridas e as divisões entre as religiões foi uma prioridade. Em 1986, a convite do Papa, os líderes das religiões do mundo reuniram-se em Assis e afirmaram o seu compromisso com a construção da paz. Também em 1986, o Papa João Paulo II visitou a Grande Sinagoga de Roma, referindo-se ao povo judeu como " os nossos irmãos mais velhos".
Durante o seu pontificado, João Paulo II iniciou, em nome da Igreja, uma série, sem precedentes, de pedidos de perdão pelos pecados da história. No Senegal (1992) referiu a "terrível aberração de todos os que reduziram à escravatura os irmãos e irmãs que o Evangelho tinha destinado para a liberdade". Ao rezar no memorial do Holocausto, Yad Vashem (2000), pediu também perdão pelos pecados cometidos contra o povo de Israel: "a Igreja Católica está profundamente entristecida pelo ódio, os actos de perseguição e manifestações de anti-semitismo dirigidos por cristãos contra os judeus em qualquer momento e em qualquer lugar".
Vezes sem conta, em lugares associados aos piores actos da humanidade, o Papa inspirou esperança e determinação para uma mudança construtiva: Na Irlanda (1979): "Peço aos jovens envolvidos em organizações que promovem a violência... Não dêem ouvidos às vozes que falam a linguagem do ódio, da vingança, da retaliação...". Em Hiroshima (1981): "Relembrar Hiroshima é comprometer-se com a paz... Vamos prometer aos nossos irmãos humanos que vamos trabalhar incansavelmente pelo desarmamento e a eliminação de todas as armas nucleares...". Em Coventry, durante a guerra das Malvinas (1982): "A guerra deveria pertencer ao passado trágico, à história; não deve ter lugar na agenda da humanidade para o futuro."
Em cada crise o Papa João Paulo II apelou a todas as partes para utilizarem o diálogo e para que a razão prevalecesse sobre a violência. Antes da guerra do Iraque em 2003, advertiu: "a guerra nunca é apenas um outro meio pelo qual se pode optar para a resolução de diferendos entre as nações". Condenando "todas as acções terroristas" no Médio Oriente, o papa também referiu, em 2003, "a Terra Santa não precisa de muros, mas sim de pontes".
O Papa João Paulo II analisou as questões da guerra, da paz, da liberdade, da justiça e dos direitos humanos em todo o mundo sob vários ângulos e em todas as ocasiões possíveis. As suas encíclicas abordaram as complexas relações internacionais e ao mesmo tempo, identificaram repetidamente o "pecado estrutural" da injustiça sofrida pelos mais pobres do mundo, criticando fortemente os valores do mercado capitalista que os esmaga.
A Pax Christi sentiu-se especialmente inspirada pelo Papa João Paulo II sempre que insistia na urgência da educação para criar uma cultura de paz e não-violência. Das suas mensagens anuais para o Dia Mundial da Paz, que durante mais de 25 anos explanaram os requisitos de um mundo mais pacífico, nasceu uma síntese doutrinal sobre a paz, constituindo como que um silabário sobre este argumento fundamental. Os membros da Pax Christi em todo o mundo têm continuado a disseminar estes temas na oração, no estudo e nas acções a nível local. E continuarão a seguir o seu exemplo, impulsionados pelo apreço que ele mesmo nos manifestou directamente numa audiência, em 1995, por ocasião do 50 º aniversário da Pax Christi Internacional: "Movimentos como o vosso são preciosos. Eles tornam as pessoas atentas à violência que rompe a harmonia entre as pessoas no seio da criação. Eles participam na formação das consciências, para que, nas relações entre as pessoas e entre os povos, triunfe a justiça e a procura do bem comum."
João Paulo II foi, como ele próprio se reconheceu, um humilde peregrino da paz. O esforço incansável, que dominou o seu pontificado, para promover a paz e eliminar a guerra como meio de resolver os conflitos, continuará seguramente a ser uma inspiração para todos os construtores da paz.

Pax Christi Portugal
Mª. Margarida Saco (Vice-Presidente)
Manuel Quintãos (Secretário Geral)

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segunda-feira, 18 de abril de 2011

CULTURA DA PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA: "Pontanima" recebe o Prémio da Paz 2011 da Pax Christi Internacional

Em solidariedade com os povos dos Balcãs, o Comité Executivo da Pax Christi Internacional e o Fundo para a Paz Cardeal Bernardus Alfrink decidiram atribuir o Prémio da Paz de 2011 ao Coro Inter-religioso “Pontanima”, de Sarajevo, Bósnia e Herzegovina.

Amplamente reconhecido como um projecto inovador para a construção da paz, este coro é uma preciosidade da Bósnia-Herzegovina e constitui um dos principais contributos para a vida cultural do país. A sua acção criadora de paz e reconciliação na Bósnia-Herzegovina, nos Balcãs e noutros locais rasgados pelo sofrimento, ilustra o potencial pacificador e recuperador da música, orienta as pessoas para o futuro e revela a autenticidade da sua fé.

A cerimónia de entrega do prémio será realizada durante um concerto do “Pontanima”, na Sala de Concertos de Vukovar, no dia 29 de Abril de 2011 às 19 horas.

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