a OBSERVATÓRIO DA PAX: janeiro 2017

domingo, 29 de janeiro de 2017

Pax Christi USA Deplores Trump’s Executive Orders

Pax Christi USA deplores the three executive orders President Trump has recently signed. One is in favor of resurrecting the Dakota Access pipeline, another in favor of the Keystone XL pipeline, and another for advancing the deportation of immigrants and the construction of a wall on the US southern border. The common thread of these orders is the blatant disregard for the will of the people, care of the earth, and personhood and struggles of the migrant.

Our hearts are with the Standing Rock nation and all indigenous people who have worked so hard to protect the water and the land from the Dakota Access pipeline. The will of the people was heard when it came to changing the route of this pipeline just a few months ago, and now the people are being overlooked in the interest of corporate growth. We believe in people over profit. We believe in the care of the earth over the desire for oil. Mark Charles, a Navajo man and activist said, “No matter how much money you have. No matter how powerful you are. No matter what alternative facts you quote. The truth of the matter is – You CANNOT drink oil.” In the end, travesties against the earth will affect us all – even those who make much profit off pillaging the earth.

Our hearts are with our immigrant brothers and sisters living in fear of deportation and separation from their families. No one flees their countries of origin on a whim. We honor the multiplicity of reasons people migrate to the United States, many of which are poverty, gang violence, and terror. People are not the enemy, but that is the myth we are being told by President Trump. Building a wall is the visual symbol of these political lies. We do not believe this story, and we will not support this wall.

We need a country where people feel safe, welcomed, and know the only prerequisite for their rights is being human. All human beings, regardless of skin color or country of origin, should be able to rely on having safe water, a safe family, and a clean earth. President Trump’s executive orders set us on an immoral course we cannot endorse. Pax Christi USA is committed to the vision of justice that Trumps hate and builds bridges instead of walls.

Peace of Christ,

Sr. Patricia Chappell
Executive Director

Pax Christi USA

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Os gestos que marcaram a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que termina esta quarta-feira, fica marcada por apelos à reconciliação, por parte dos diversos líderes religiosos em Portugal, e gestos especiais como a cedência de uma capela católica para o culto da comunidade ortodoxa.

Em Braga, onde teve lugar a celebração nacional deste Oitavário, a reconciliação foi destacada como “um dom de Deus oferecido a todos”. (...)
Um pouco por todo o país e nas Ilhas, o Oitavário de oração congregou responsáveis e líderes das várias comunidades cristãs, paróquias e grupos de jovens à volta desta questão. (Mais...)

Agência Ecclesia

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Cristãos de várias Igrejas vão assinar declaração comum sobre o valor da vida

Lisboa, 24 jan 2017 (Ecclesia) - Líderes de várias Igrejas cristãs em Portugal vão assinar no próximo sábado em Sintra uma declaração comum sobre o valor da vida, onde estará incluída a rejeição da eutanásia.

No documento, enviado hoje à Agência ECCLESIA, os responsáveis cristãos defendem “juntos” o ideal de “uma vida em plenitude”, preservada “desde a conceção ao seu fim natural”.

“A dignidade humana não se perde pela dependência de outros, pela doença ou pela improdutividade económica”, sustenta a referida declaração, sublinhando que “a morte provocada, nomeadamente a eutanásia, o suicídio assistido e o homicídio não são respostas” para os problemas.

Neste campo, os líderes das várias Igrejas cristãs apoiam “o direito aos cuidados paliativos” para todos.

Quanto aos desafios que hoje a crise dos refugiados está a levantar um pouco por todo o mundo, apelam a “uma cultura de acolhimento e inclusão”, e a uma sociedade que “não fique indiferente a quantos são forçados a fugir da guerra e da perseguição”.

Na declaração são ainda abordados desafios como “a pobreza, o terrorismo e as ideologias que o pretendem justificar, o tráfico humano, fruto de uma visão utilitarista do outro e o abandono dos idosos, consequência de um individualismo sem limites”.

“Queremos desenvolver uma economia ao serviço da pessoa humana, rejeitando a exploração e a ganância que esmagam e tornam excluída a maioria da população”, escrevem os representantes cristãos.

Durante o encontro ecuménico, os participantes vão ainda querer dar “testemunho de um empenho comum” a favor da reconciliação e da paz entre todas as comunidades cristãs.

“Comprometemo-nos a agir neste sentido, com coragem, criatividade, alegria e esperança”, complementam.

A assinatura desta declaração comum contará com a presença de D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa, da Igreja Católica, D. Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana, e o pastor António Calaim, presidente da Aliança Evangélica Portuguesa; vai ter lugar no salão da Igreja de S. Miguel, em Sintra (junto ao Centro Cultural Olga Cadaval).

A iniciativa insere-se no VII Encontro Cristão daquela região do Patriarcado de Lisboa e na edição deste ano da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que tem como tema “Reconciliação - É o amor de Cristo que nos impele”.

Agência ECCLESIA

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Cooperação ecuménica na vida social: caminho que leva à unidade dos cristãos

Visto que nos nossos tempos largamente se estabelece a cooperação no campo social, todos os homens são chamados a uma obra comum, mas com maior razão os que crêem em Deus, sobretudo todos os cristãos assinalados com o nome de Cristo. A cooperação de todos os cristãos exprime vivamente aquelas relações pelas quais já estão unidos entre si e apresenta o rosto de Cristo Servo numa luz mais radiante. Esta cooperação, que já se realiza em não poucas nações, deve ser aperfeiçoada sempre mais, principalmente nas regiões onde se verifica a evolução social ou técnica. Vai ela contribuir para apreciar devidamente a dignidade da pessoa humana, promover o bem da paz, aplicar ainda mais o Evangelho na vida social, incentivar o espírito cristão nas ciências e nas artes e aplicar toda a espécie de remédios aos males da nossa época, tais como a fome e as calamidades, o analfabetismo e a pobreza, a falta de habitações e a inadequada distribuição dos bens. Por essa cooperação, todos os que crêem em Cristo podem mais facilmente aprender como devem entender-se melhor e estimar-se mais uns aos outros, e assim se abre o caminho que leva à unidade dos cristãos.

CONCÍLIO VATICANO II - Decreto «Unitatis Redintegratio», 12.


A área do desenvolvimento, que é sobretudo uma resposta às necessidades humanas, proporciona uma variedade de possibilidades para a cooperação entre a Igreja Católica e as Igrejas e Comunidades Eclesiais, a nível regional, nacional ou local. Essa cooperação, deve abranger, entre outras, as actividades em favor de uma sociedade mais justa, para promover a paz, os direitos e dignidade da mulher e uma distribuição mais equitativa dos recursos. Neste sentido, seria possível organizar um serviço comum em favor dos pobres, doentes, deficientes, idosos e de todos aqueles que sofrem por causa das injustas «estruturas de pecado». A cooperação nesta área é especialmente recomendada nos lugares onde houver uma grande concentração da população com graves consequências para a habitação, a alimentação, a água, o vestuário, a higiene e os cuidados médicos. Um aspecto importante da cooperação neste campo é a preocupação com os problemas dos migrantes, dos refugiados e das vítimas de catástrofes naturais.

CPPUC - Directório para a aplicação dos princípios e normas sobre o ecumenismo, 215.

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Celebração Ecuménica a nível nacional em Braga


A Basílica dos Congregados, em Braga, acolheu, na passada sexta-feira, dia 20, a Oração Ecuménica que assinalou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos a nível nacional. Presentes estiveram o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, o Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, o Presidente do Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC) e Bispo da Igreja Metodista, Sifredo Teixeira, o Bispo D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, o Pastor Emanuel de Carvalho e a Pastora Eunice Alves, da Igreja Metodista. (Mais...)

ARQUIDIOCESE DE BRAGA

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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Declaração conjunta por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma



DECLARAÇÃO CONJUNTA
por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma
Lund, 31 de outubro de 2016

«Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim» (Jo 15, 4).

Com coração agradecido

Com esta Declaração Conjunta, expressamos jubilosa gratidão a Deus por este momento de oração comum na Catedral de Lund, com que iniciamos o ano comemorativo do quinto centenário da Reforma. Cinquenta anos de constante e frutuoso diálogo ecuménico entre católicos e luteranos ajudaram-nos a superar muitas diferenças e aprofundaram a compreensão e confiança entre nós. Ao mesmo tempo, aproximamo-nos uns dos outros através do serviço comum ao próximo – muitas vezes em situações de sofrimento e de perseguição. Graças ao diálogo e testemunho compartilhado, já não somos desconhecidos; antes, aprendemos que aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa.

Do conflito à comunhão

Ao mesmo tempo que estamos profundamente gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma, também confessamos e lamentamos diante de Cristo que luteranos e católicos tenham ferido a unidade visível da Igreja. Diferenças teológicas foram acompanhadas por preconceitos e conflitos, e instrumentalizou-se a religião para fins políticos. A nossa fé comum em Jesus Cristo e o nosso Batismo exigem de nós uma conversão diária, graças à qual repelimos as divergências e conflitos históricos que dificultam o ministério da reconciliação. Enquanto o passado não se pode modificar, aquilo que se recorda e o modo como se recorda podem ser transformados. Rezamos pela cura das nossas feridas e das lembranças que turvam a nossa visão uns dos outros. Rejeitamos categoricamente todo o ódio e violência, passados e presentes, especialmente os implementados em nome da religião. Hoje, escutamos o mandamento de Deus para se pôr de parte todo o conflito. Reconhecemos que fomos libertos pela graça para nos dirigirmos para a comunhão a que Deus nos chama sem cessar.

O nosso compromisso em prol dum testemunho comum

Enquanto superamos os episódios da nossa história que gravam sobre nós, comprometemo-nos a testemunhar juntos a graça misericordiosa de Deus, que se tornou visível em Cristo crucificado e ressuscitado. Cientes de que o modo como nos relacionamos entre nós incide sobre o nosso testemunho do Evangelho, comprometemo-nos a crescer ainda mais na comunhão radicada no Batismo, procurando remover os obstáculos ainda existentes que nos impedem de alcançar a unidade plena. Cristo quer que sejamos um só, para que o mundo possa acreditar (cf. Jo 17, 21).

Muitos membros das nossas comunidades anseiam por receber a Eucaristia a uma única Mesa como expressão concreta da unidade plena. Temos experiência da dor de quantos partilham toda a sua vida, mas não podem partilhar a presença redentora de Deus na Mesa Eucarística. Reconhecemos a nossa responsabilidade pastoral comum de dar resposta à sede e fome espirituais que o nosso povo tem de ser um só em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no Corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo dos nossos esforços ecuménicos, que desejamos levar por diante inclusive renovando o nosso empenho no diálogo teológico.

Rezamos a Deus para que católicos e luteranos saibam testemunhar juntos o Evangelho de Jesus Cristo, convidando a humanidade a ouvir e receber a boa notícia da ação redentora de Deus. Pedimos a Deus inspiração, ânimo e força para podermos continuar juntos no serviço, defendendo a dignidade e os direitos humanos, especialmente dos pobres, trabalhando pela justiça e rejeitando todas as formas de violência. Deus chama-nos a estar perto de todos aqueles que anseiam por dignidade, justiça, paz e reconciliação. Hoje, de modo particular, levantamos as nossas vozes para pedir o fim da violência e do extremismo que ferem tantos países e comunidades, e inumeráveis irmãos e irmãs em Cristo. Exortamos luteranos e católicos a trabalharem juntos para acolher quem é estrangeiro, prestar auxílio a quantos são forçados a fugir por causa da guerra e da perseguição, e defender os direitos dos refugiados e de quantos procuram asilo.

Hoje mais do que nunca, damo-nos conta de que o nosso serviço comum no mundo deve estender-se à criação inteira, que sofre a exploração e os efeitos duma ganância insaciável. Reconhecemos o direito que têm as gerações futuras de gozar do mundo, obra de Deus, em todo o seu potencial e beleza. Rezamos por uma mudança dos corações e das mentes que leve a um cuidado amoroso e responsável da criação.

Um só em Cristo

Nesta auspiciosa ocasião, expressamos a nossa gratidão aos irmãos e irmãs das várias Comunhões e Associações cristãs mundiais que estão presentes e unidos connosco em oração. Ao renovar o nosso compromisso de passar do conflito à comunhão, fazemo-lo como membros do único Corpo de Cristo, no qual estamos incorporados pelo Batismo. Convidamos os nossos companheiros de estrada no caminho ecuménico a lembrar-nos dos nossos compromissos e a encorajar-nos. Pedimos-lhes que continuem a rezar por nós, caminhar connosco, apoiar-nos na observância dos compromissos de religião que hoje manifestamos.

Apelo aos católicos e luteranos do mundo inteiro

Apelamos a todas as paróquias e comunidades luteranas e católicas para que sejam corajosas e criativas, alegres e cheias de esperança no seu compromisso de prosseguir na grande aventura que nos espera. Mais do que os conflitos do passado, há de ser o dom divino da unidade entre nós a guiar a colaboração e a aprofundar a nossa solidariedade. Estreitando-nos a Cristo na fé, rezando juntos, ouvindo-nos mutuamente, vivendo o amor de Cristo nas nossas relações, nós, católicos e luteranos, abrimo-nos ao poder de Deus Uno e Trino. Radicados em Cristo e testemunhando-O, renovamos a nossa determinação de ser fiéis arautos do amor infinito de Deus por toda a humanidade.

Vatican.va

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Os jovens e o Ecumenismo: o derrubar dos muros

Na força da juventude é possível ultrapassar grandes muros, ir mais além perante o aparentemente inultrapassável.

A vida tem muros: Uns pequenos, outros maiores, os internos e os externos e alguns que separam realidades, bem duras…

Mas ser jovem em Cristo implica uma atitude proactiva ao jeito de Jesus: positiva, determinada e empreendedora, que procura, com irreverencia caminhar, superar, ser mais, saindo do “sofá”, da zona de conforto, para construir algo de novo, com o espírito firmado no “amor de Cristo que nos move” 2 Cor 5, 14

Construir um muro implica técnica de junção de partes – pedras, tijolos, massas, entre outros materiais, com a finalidade de erguer algo que pode ser para separar, dividir e em alguns casos proteger, no entanto, mesmo os grandes os muros, devem permitir entrada e saída, para que haja liberdade, “a verdade vos libertará” Jo 8, 32.

Em Portugal, o movimento ecuménico, consubstanciado no desejo de Cristo, para que “todos sejam um para que o mundo creia” Jo 17,21, tem vindo a ganhar cada vez mais força junto dos jovens, muito por causa do FEJ – Fórum Ecuménico Jovem, que desde 1998, tem proporcionado em dezenas de cidades portuguesas, espaços de encontro/festa de jovens de diferentes Igrejas, bem como a necessária formação e aprendizagem ecuménica.

Tenho acompanhado a evolução do FEJ desde o seu início, há 18 anos, até os dias de hoje, como membro da equipa organizadora. Recordo a primeira reunião em Leiria. Participaram clérigos e jovens das Igrejas Católica Romana, Lusitana - Comunhão Anglicana, Metodista e Presbiteriana. Grandes pontes foram criadas que possibilitaram a milhares de jovens a experiência da unidade na diversidade, em que a diferença do Outro constitui uma riqueza e não propriamente um obstáculo, uma pedra!

Obviamente que ver no outro Irmão, que pertence a outra Igreja, um sinal da mesma Igreja de Cristo, requer uma abertura forte e ousada, uma identidade segura que permita ver para além do muro e ser capaz de derrubar e transformar as pedras da divisão em pedras que se juntam e formam verdadeiramente a Igreja Una de Cristo.

Por isso ser jovem é ser portador desta esperança que com a força que vem de Cristo é capaz de fazer “rolar a pedra” Lc 24,2 e inaugurar algo novo, porque viver uma fé “jovem” com Jesus permite “fazer novas todas as coisas” Ap. 21,5.

Reverendo Sérgio Alves
Presbítero da Igreja Lusitana – Comunhão Anglicana
Membro da Equipa Ecuménica Jovem

Departamento Nacional da Pastoral Juvenil | DNPJ

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Celebração Ecuménica - Grande Porto



Comissão Ecuménica do Porto

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | As 95 teses de Martinho Lutero



ALMEIDA, Dimas de. As 95 teses de Martinho Lutero | Controvérsia em torno da questão das Indulgências. Cadernos de Ciência das Religiões, [S.l.], nov. 2013. Disponível em: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernoscienciadasreligioes/article/view/3985.

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domingo, 22 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Abraços no lugar de cismas

Os gestos e as palavras do Papa Francisco conquistam mediatismo crescente e geram popularidade em crentes e não-crentes. A economia, a defesa dos pobres, a preocupação por contextos periféricos, a sustentabilidade ambiental e a defesa da vida são temas que geram simpatia e empatia pelo antigo cardeal de Buenos Aires, agora bispo de Roma. Também quando se refere ao ecumenismo… Não só pela força das suas palavras a respeito do “escândalo” da divisão entre os seguidores de Cristo, mas sobretudo pelos braços que estende para outros tantos abraços no esforço de aproximar lideranças de várias igrejas cristãs.

Se o espaço mediático que Francisco conquistou é único, os gestos e as palavras que agora diz estão naturalmente em linha com imagens do passado e do presente, protagonizadas por outras lideranças da Igreja Católica, à escala universal ou local, que raramente merecem a mesma amplificação na opinião pública.

Em janeiro de 1964, representantes da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa punham fim a quase um milénio de desencontros entre as respetivas lideranças com um abraço. O Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, da Igreja Ortodoxa de Constantinopla, confirmavam publicamente determinações conjuntas de promover o encontro entre cristãos desavindos com um gesto que impulsionou o caminho ecuménico, mesmo antes de ter terminado o Concílio Ecuménico Vaticano II.

Em outubro de 2016, o presidente da Federação Luterana Mundial Munib Yunan e o Papa Francisco selavam com um abraço a assinatura de uma declaração comum por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana dos 500 anos da reforma protestante.

Em mais de meio século, outras declarações e muitos mais abraços marcaram o diálogo ecuménico, com o protestantismo e não só, assim como o encontro entre líderes de diferentes religiões, assinalados pela relevância que decorre de visitas institucionais. De facto, a presença de vários pontífices em templos ortodoxos, sinagogas ou mesquitas, o encontro entre patriarcas de várias “ortodoxias” e o Papa, a presença de rabinos ou imãs em ambiente católicos e destes em templos de tradição judaica ou islâmica foram passos dados no diálogo inter-religioso e ecuménico, sobretudo pelo conhecimento pessoal que proporcionaram e pela proximidade que daí resultou.

Na história dos abraços e da proximidade entre crentes, nomeadamente os seus líderes, tem de se incluir o que aconteceu na escala de uma viagem intercontinental, mas que representa uma etapa fundamental do percurso ecuménico. A caminho do México, o Papa encontrou-se com patriarca ortodoxo de Moscovo Cirilo para um abraço entre “irmãos” no “mesmo batismo” e dizer “finalmente”…!

Falar hoje em aproximação entre cristãos significa tentar por fim a duas grandes separações, que infelizmente não são as únicas: a que começou no século XI, no cisma do oriente, que separou ortodoxos e católicos; e a que se seguiu às teses de Lutero, que distanciou católicos e protestantes. Um percurso que há de ser feito com o debate de ideias, declarações conjuntas e sobretudo com a capacidade de replicar o espírito de Assis, marcado por abraços, por muitos abraços!

Paulo Rocha

Agência ECCLESIA


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Liberdade religiosa não é apenas questão de minorias: O presidente da Comissão da Liberdade Religiosa fala à Agência ECCLESIA

Em entrevista à Agência ECCLESIA o presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, José Vera Jardim, fala das prioridades deste organismo consultivo, do exemplo português na área do diálogo entre comunidades crentes e das questões ligadas à defesa do direito fundamental da liberdade de culto, assegurados em Portugal pela Lei da Liberdade Religiosa e a Concordata. (Mais...)

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Visita do Papa à Suécia a propósito dos 500 anos da reforma


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sábado, 21 de janeiro de 2017

Observe a Year of Peace and Nonviolence | Sisters of St. Joseph

On January 1, Pope Francis delivered a message in observance of the 50th Annual World Day of Peace. The Pope’s message called on the global church, government leaders, and all people of good will to engage the theme of Non-Violence: A Style of Politics for Peace.

Inspired by this challenge from Pope Francis, we are planning to observe a Year of Peace and Nonviolence in our Congregation, starting with 100 days of Prayer.

We are grateful to the Sisters of St. Joseph of Orange for developing this resource, which offers short daily prayers during the first 100 days of the new administration. The content encourages unity and reconciliation and offers support to people who may be vulnerable to policy changes.

In order to remain flexible and have the ability to adjust to what may actually be happening, the 100 Days of Prayer will be shared in two-week installments. View the first edition, covering Jan. 20-31.

We invite you to stay tuned for additional ways that you can be an “artisan of peace” with us this year.

Sisters of St. Joseph of Baden


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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | 500 anos do protestantismo. Entrevista ao padre Joaquim Carreira das Neves e a Timóteo Cavaco


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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | XVIII Fórum Ecuménico Jovem - FEJ 2016


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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | «Reconciliação» entre cristãos é esperança para a Europa


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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Do conflito à comunhão

Intenções não faltam para a nossa oração, em especial no Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos. Que Deus nos atenda, purificando os nossos corações e as nossas memórias!

Para a causa ecuménica, 2017 é um ano de grandes desafios. Faz 500 anos que a unidade da Igreja de Cristo, amputada já nessa altura de sua asa oriental, a desde então chamada comunhão ortodoxa, sofreu novo e rude golpe com a emergência da igreja luterana e, pouco depois, da calvinista, da anglicana e de muitas outras derivadas destas, até às neopentecostais dos nossos dias. Tem sido uma penosa história de muito sofrimento, até com guerras de crueldade extrema. Uma tragédia mundial. A Deus pertence o julgamento, a nós a confissão das próprias culpas.

Vivemos outros tempos, não por mérito, mas por graça. Pareceu-me um sonho lindo a visita do Papa Francisco à Suécia em 31 de Outubro passado. Ela foi possível devido a 50 anos de um persistente esforço de reaproximação entre católicos e luteranos, a partir do Concílio Vaticano II. Marco destacado a balizar essa caminhada foi a assinatura, em 1999, da “Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação”. No encontro de 31 de Outubro, não se fez uma celebração da Reforma Luterana nem dos 50 anos de reaproximação ecuménica. Em vez disso, a nova “Declaração Conjunta”, que ficará para a história do ecumenismo como o melhor deste encontro memorável, pôs o acento na comemoração. O título é mesmo: “DECLARAÇÃO CONJUNTA por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma”. Comemorar significa lembrar juntos. Se não se pode refazer a história, pode-se sempre purificar a memória, rememorar com verdade o passado para emendar o presente. Lembrar o passado é como olhar pelo espelho retrovisor de um carro; para ir em frente com segurança não se pode perder a perspectiva do que vai ficando para trás. (Mais ...)

P. José Gaspar

Espiritanos.pt

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Migrações/Refugiados: Responsáveis desafiam portugueses a deixar «indignação de sofá» e agir


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Cáritas lança campanha de inverno a favor dos refugiados | Cáritas Portuguesa

Os refugiados e as populações mais vulneráveis estão a enfrentar condições inumanas resultantes da vaga de frio que assola a Europa. As imagens que têm chegado às nossas casas falam por si. Não podemos ficar indiferentes, sob pena de estas pessoas que fugiram à morte, por causa da guerra, virem a sucumbir pela inclemência do tempo.

Impulsionados pela generosa solidariedade a que já nos habituou o nosso povo, a Cáritas Portuguesa lança uma campanha nacional para apoiar as populações mais vulneráveis e refugiados que se encontram no Leste e Sul da Europa.

Quem quiser colaborar poderá fazê-lo, através da conta "Levo calor aos refugiados", com o
IBAN PT50 0033 0000 0109004015012 do Millenium BCP ou através da entidade/referência 22222/222 222 222 nas redes de Multibanco, até 31 do corrente mês. (Mais ...)

Cáritas Portuguesa

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Reconciliação - É o amor de Cristo que nos impele

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é uma importante contribuição para que se cumpra a oração que o Senhor Jesus Cristo fez pedindo ao Pai: “Não rogo somente por estes, mas, também, por aqueles que, pela sua palavra, hão-de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um, em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” João 17:20-21.

Neste tempo de oração, o testemunho que é dado fala de um percurso já feito que se tem traduzido em melhor conhecimento mútuo, confiança mútua e na esperança de se poder vir a melhorar a expressão do que se tem vivido. O reconhecimento mútuo do Baptismo já é uma realidade, falta o chegarmos ao ponto de se poder reconhecer os Ministérios e de celebrar a Eucaristia em unidade.

O tema para a semana: “Reconciliação - É o amor de Cristo que nos impele” baseado em II Coríntios 5,14-20, está relacionado com a celebração dos 500 anos da Reforma Protestante. Uma celebração que recorda um movimento renovador na Igreja em 1517 que procurou chamar todos para o essencial da fé cristã, afirmando entre outras coisas, a Autoridade das Sagradas Escrituras, a Justificação pela fé e o Sacerdócio universal de todos os crentes.

A Comissão Luterana-Católica Romana sobre a Unidade publicou um documento que vale a pena referir, “Do Conflito à Comunhão”, o qual reconhece que ambas as tradições abordam a celebração do aniversário da Reforma Protestante numa era ecuménica, após o que foi alcançado nos cinquenta anos de diálogo, com novas compreensões da sua própria história e teologia.

De 18 a 25 de Janeiro de 2017 várias serão as oportunidades para os Cristãos poderem orar pela unidade, nas iniciativas que estão a ser organizadas. Em Portugal acontecerão no Porto, Lisboa, Coimbra, Braga, entre outras localidades.

O COPIC-Conselho Português de Igrejas Cristãs que está organizado desde 1971 e que representa as Igrejas: Lusitana, Metodista, Presbiteriana e Evangélica Alemã do Porto, de acordo com o que está escrito nos seus textos de apresentação, tem por objectivo “dar no contexto religioso e sociológico português um testemunho de consenso, de cooperação, de unidade, em obediência à Palavra do Senhor da Igreja, para glória de Deus que nos chama a viver no meio dos homens e das mulheres a quem Ele nos manda servir.” Este Conselho e a Igreja Católica Romana promoverão uma Celebração Nacional de Oração pela Unidade dos Cristãos, no dia 21 de Janeiro de 2017, às 16 horas, na Igreja dos Congregados, na cidade de Braga. (Mais ...)

Sifredo Teixeira (Bispo Metodista)

Espiritanos.pt

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Revista de Teologia debate “Migrantes e refugiados” | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura


O mais recente número da revista “Humanística e Teologia” é dedicado aos “Migrantes e refugiados”, «à luz da tradição bíblica, onde a existência humana aparece caracterizada pela mobilidade e pela hospitalidade».

O volume editado pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (Porto) constitui «um interessante exemplo de como uma questão de atualidade pode ser tratada com muito proveito pela teologia», destaca uma nota enviada hoje ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

A publicação «trata o assunto dos migrantes e refugiados desde a perspetiva teológica e filosófica», porque «o ordenamento do mundo de hoje tem muito que aprender com a amplitude de horizontes que a teologia e filosofia podem abrir». (Mais ...)

Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura


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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Celebrações: Vigilía Ecuménica Jovem


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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Mensagem conjunta dos Presidentes da Conferência das Igrejas na Europa (CEC) e do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE)


«Reconciliação – é o amor de Cristo que nos impele»
Mensagem conjunta dos Presidentes da Conferência das Igrejas na Europa (CEC) e do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 


Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

É o amor de Cristo que nos impele (2 Cor.5,14). Uma grande verdade encontra-se neste versículo da segunda carta de S. Paulo aos Coríntios que inspira este ano a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

A história do Cristianismo na Europa tem estado marcada por dolorosos períodos de divisão, condenação mútua e inclusivamente violência. Enquanto algumas Igrejas se preparam para celebrar o 500º aniversário do início da Reforma Protestante, temos de recordar de novo o nosso difícil passado. Recordar estes eventos e confrontarmo-nos com a nossa história é uma magnífica oportunidade para renovar o nosso empenho na reparação das feridas e superação das divisões. Dirigimo-nos a Cristo, que reconcilia todos os povos e a criação com Deus, com o propósito de que nos guie nesta tarefa. Com humilde gratidão pelo dom recebido, trabalhamos para a reconciliação através das palavras e das nossas ações.

Hoje celebramos também o crescimento na colaboração e o fomento de um significativo diálogo teológico. O Conselho das Conferências Episcopais da Europa e a Conferência das Igrejas Europeias colaboram desde há 45 anos através do Comité Conjunto em numerosos âmbitos de interesse comum. Também nos une compartilhar os sofrimentos e as alegrias terrenas. A nossa solidariedade com as minorias como a comunidade cigana, o nosso empenho na justiça ecológica e as iniciativas de oração para alcançar a unidade dentro do Corpo de Cristo foram consolidadas através desta relação.

As múltiplas crises que a Europa e os Estados vizinhos foram chamados a enfrentar também nos uniram. Guerras e conflitos, instabilidade política, migração e desafios ecológicos, pobreza material e espiritual, tocam a vida de todos na Europa e para além das suas fronteiras.Com esta crise, todavia, chega também a esperança. Juntos podemos anunciar o Amor de Cristo para a reconciliação através da proteção da Criação, da solidariedade com os mais necessitados, e a defesa da dignidade do povo de Deus.

É através do diálogo que aprofundamos a nossa compreensão reciproca. Através dos testemunhos e ações comuns construímos pontes. Através da oração aprendemos a reconhecer a obra do Espírito Santo. O caminho a seguir pode parecer por vezes pouco claro e sensível, mas temos sempre no coração essa verdade de que "o Amor de Cristo nos impele".

Traduzido do original pelo Departamento de Comunicação da Igreja Lusitana.

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Entrevista a João Luís Fontes


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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Programa ECCLESIA na Antena 1

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no hemisfério norte se celebra de 18 a 25 de janeiro, estará em destaque nas emissões do Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, até sexta-feira, pelas 22h45.

Agência Ecclesia


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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Celebrações



Comissão Ecuménica do Porto

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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017 | Reconciliação – É o amor de Cristo que nos impele (cf. 2 Coríntios 5,14-20) | Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em 2017


No contexto do aniversário da Reforma o Conselho de Igrejas na Alemanha (ACK), a convite do Conselho Mundial de Igrejas, assumiu o trabalho de criar o material para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos este ano. Rapidamente ficou claro que os materiais desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos precisariam de ter dois destaques. Por um lado, deveria haver uma celebração do amor e da graça de Deus, a “justificação da humanidade somente pela graça”, refletindo a ideia principal das Igrejas marcadas pela Reforma de Martinho Lutero. Por outro lado, deveria também ser reconhecida a dor das profundas divisões subsequentes que afligiram a Igreja, com menção aberta de culpa e oferta de uma oportunidade para dar passos em direção à reconciliação.

Recentemente, foi a Exortação Apostólica do papa Francisco Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho) de 2013 que deu o tema para este ano, quando usou a citação “O amor de Cristo nos impele” (nº 9). Com essa frase da Escritura (2 Coríntios 5,14), tomada no contexto de todo o capítulo 5 da segunda carta aos Coríntios, a comissão alemã formulou o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2017.

Os textos, preparados e publicados conjuntamente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas, estão disponíveis em vários idiomas nas páginas web do Vaticano e do Conselho Mundial das Igrejas.

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Lista Mundial da Perseguição 2017: Onde seguir Cristo pode custar a vida


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domingo, 15 de janeiro de 2017

"Migrantes de menor idade, vulneráveis e sem voz": Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2017

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO 2017
[15 de janeiro de 2017]

"Migrantes de menor idade, vulneráveis e sem voz"



Queridos irmãos e irmãs!

«Quem receber um destes meninos em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber, não Me recebe a Mim mas Àquele que Me enviou» (Mc 9, 37; cf. Mt 18, 5; Lc 9, 48; Jo 13, 20). Com estas palavras, os evangelistas recordam à comunidade cristã um ensinamento de Jesus que é entusiasmador mas, ao mesmo tempo, muito empenhativo. De facto, estas palavras traçam o caminho seguro que na dinâmica do acolhimento, partindo dos mais pequeninos e passando pelo Salvador, conduz até Deus. Assim o acolhimento é, precisamente, condição necessária para se concretizar este itinerário: Deus fez-Se um de nós, em Jesus fez-Se menino e a abertura a Deus na fé, que alimenta a esperança, manifesta-se na proximidade amorosa aos mais pequeninos e mais frágeis. Caridade, fé e esperança: estão todas presentes nas obras de misericórdia, tanto espirituais como corporais, que redescobrimos durante o recente Jubileu Extraordinário.

Mas os evangelistas detêm-se também sobre a responsabilidade de quem vai contra a misericórdia: «Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em Mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar» (Mt 18, 6; cf. Mc 9, 42; Lc 17, 2). Como não pensar a esta severa advertência quando consideramos a exploração feita por pessoas sem escrúpulos a dano de tantas meninas e tantos meninos encaminhados para a prostituição ou sorvido no giro da pornografia, feitos escravos do trabalho infantil ou alistados como soldados, envolvidos em tráficos de drogas e outras formas de delinquência, forçados por conflitos e perseguições a fugir, com o risco de se encontrarem sozinhos e abandonados?

Assim, por ocasião da ocorrência anual do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, sinto o dever de chamar a atenção para a realidade dos migrantes de menor idade, especialmente os deixados sozinhos, pedindo a todos para cuidarem das crianças que são três vezes mais vulneráveis – porque de menor idade, porque estrangeiras e porque indefesas – quando, por vários motivos, são forçadas a viver longe da sua terra natal e separadas do carinho familiar.

Hoje, as migrações deixaram de ser um fenómeno limitado a algumas áreas do planeta, para tocar todos os continentes, assumindo cada vez mais as dimensões dum problema mundial dramático. Não se trata apenas de pessoas à procura dum trabalho digno ou de melhores condições de vida, mas também de homens e mulheres, idosos e crianças, que são forçados a abandonar as suas casas com a esperança de se salvar e encontrar paz e segurança noutro lugar. E os menores são os primeiros a pagar o preço oneroso da emigração, provocada quase sempre pela violência, a miséria e as condições ambientais, fatores estes a que se associa também a globalização nos seus aspetos negativos. A corrida desenfreada ao lucro rápido e fácil traz consigo também a propagação de chagas aberrantes como o tráfico de crianças, a exploração e o abuso de menores e, em geral, a privação dos direitos inerentes à infância garantidos pela Convenção Internacional sobre os Direitos da Infância.

Pela sua delicadeza particular, a idade infantil tem necessidades únicas e irrenunciáveis. Em primeiro lugar, o direito a um ambiente familiar saudável e protegido, onde possam crescer sob a guia e o exemplo dum pai e duma mãe; em seguida, o direito-dever de receber uma educação adequada, principalmente na família e também na escola, onde as crianças possam crescer como pessoas e protagonistas do seu futuro próprio e da respetiva nação. De facto, em muitas partes do mundo, ler, escrever e fazer os cálculos mais elementares ainda é um privilégio de poucos. Além disso todos os menores têm direito de brincar e fazer atividades recreativas; em suma, têm direito a ser criança.

Ora, de entre os migrantes, as crianças constituem o grupo mais vulnerável, porque, enquanto assomam à vida, são invisíveis e sem voz: a precariedade priva-as de documentos, escondendo-as aos olhos do mundo; a ausência de adultos, que as acompanhem, impede que a sua voz se erga e faça ouvir. Assim, os menores migrantes acabam facilmente nos níveis mais baixos da degradação humana, onde a ilegalidade e a violência queimam numa única chama o futuro de demasiados inocentes, enquanto a rede do abuso de menores é difícil de romper.

Como responder a esta realidade?

Em primeiro lugar, tornando-se consciente de que o fenómeno migratório não é alheio à história da salvação; pelo contrário, faz parte dela. Relacionado com ele está um mandamento de Deus: «Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egito» (Ex 22, 20); «amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito» (Dt 10, 19). Este fenómeno constitui um sinal dos tempos, um sinal que fala da obra providencial de Deus na história e na comunidade humana tendo em vista a comunhão universal. Embora sem ignorar as problemáticas e, frequentemente, os dramas e as tragédias das migrações, bem como as dificuldades ligadas com o acolhimento digno destas pessoas, a Igreja encoraja a reconhecer o desígnio de Deus também neste fenómeno, com a certeza de que ninguém é estrangeiro na comunidade cristã, que abraça «todas as nações, tribos, povos e língua» (Ap 7, 9). Cada um é precioso – as pessoas são mais importantes do que as coisas – e o valor de cada instituição mede-se pelo modo como trata a vida e a dignidade do ser humano, sobretudo em condições de vulnerabilidade, como no caso dos migrantes de menor idade.

Além disso, é preciso apostar na proteção, na integração e em soluções duradouras.

Em primeiro lugar, trata-se de adotar todas as medidas possíveis para garantir proteção e defesa aos menores migrantes, porque estes, «com frequência, acabam na estrada deixados a si mesmos e à mercê de exploradores sem escrúpulos que, muitas vezes, os transformam em objeto de violência física, moral e sexual» (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2008).

Aliás a linha divisória entre migração e tráfico pode tornar-se às vezes muito sutil. Há muitos fatores que contribuem para criar um estado de vulnerabilidade nos migrantes, especialmente nos menores: a indigência e a falta de meios de sobrevivência – a que se vêm juntar expectativas irreais inculcadas pelos meios de comunicação –; o baixo nível de alfabetização; o desconhecimento das leis, da cultura e, frequentemente, da língua dos países que os acolhem. Tudo isto torna-os, física e psicologicamente, dependentes. Mas o incentivo mais forte para a exploração e o abuso das crianças é a demanda. Se não se encontra um modo de intervir com maior rigor e eficácia contra os exploradores, não será possível acabar com as inúmeras formas de escravidão de que são vítimas os menores.

Por isso, é preciso que os imigrantes, precisamente para o bem dos seus filhos, colaborem sempre mais estreitamente com as comunidades que os recebem. Olhamos, com muita gratidão, para os organismos e instituições, eclesiais e civis, que, com grande esforço, oferecem tempo e recursos para proteger os menores das mais variadas formas de abuso. É importante que se implementem colaborações cada vez mais eficazes e incisivas, fundadas não só na troca de informações, mas também no fortalecimento de redes capazes de assegurar intervenções tempestivas e capilares. Isto sem subestimar que a força extraordinária das comunidades eclesiais se revela sobretudo quando há unidade de oração e comunhão na fraternidade.

Em segundo lugar, é preciso trabalhar pela integração das crianças e adolescentes migrantes. Eles dependem em tudo da comunidade dos adultos e, com muita frequência, a escassez de recursos financeiros torna-se impedimento à adoção de adequadas políticas de acolhimento, assistência e inclusão. Consequentemente, em vez de favorecer a inserção social dos menores migrantes, ou programas de repatriamento seguro e assistido, procura-se apenas impedir a sua entrada, favorecendo assim o recurso a redes ilegais; ou então, são reenviados para o seu país de origem, sem antes se assegurar de que tal corresponda a seu «interesse superior» efetivo.

A condição dos migrantes de menor idade é ainda mais grave quando se encontram em situação irregular ou quando estão ao serviço da criminalidade organizada. Nestes casos, vêem-se muitas vezes destinados a centros de detenção. De facto, não é raro acabarem presos e, por não terem dinheiro para pagar a fiança ou a viagem de regresso, podem ficar reclusos por longos períodos, expostos a abusos e violências de vário género. Em tais casos, o direito de os Estados gerirem os fluxos migratórios e salvaguardarem o bem comum nacional deve conjugar-se com o dever de resolver e regularizar a posição dos migrantes de menor idade, no pleno respeito da sua dignidade e procurando ir ao encontro das suas exigências, quando estão sozinhos, mas também das exigências de seus pais, para bem de todo o núcleo familiar.

Fundamental é ainda a adoção de procedimentos nacionais adequados e de planos de cooperação concordados entre os países de origem e de acolhimento, tendo em vista a eliminação das causas da emigração forçada dos menores.

Em terceiro lugar, dirijo a todos um sentido apelo para que se busquem e adotem soluções duradouras. Tratando-se de um fenómeno complexo, a questão dos migrantes de menor idade deve ser enfrentada na raiz. Guerras, violações dos direitos humanos, corrupção, pobreza, desequilíbrios e desastres ambientais fazem parte das causas do problema. As crianças são as primeiras a sofrer com isso, suportando às vezes torturas e violências corporais, juntamente com as morais e psíquicas, deixando nelas marcas quase sempre indeléveis.

Por isso, é absolutamente necessário enfrentar, nos países de origem, as causas que provocam as migrações. Isto requer, como primeiro passo, o esforço de toda a Comunidade Internacional para extinguir os conflitos e as violências que constringem as pessoas a fugir. Além disso, impõe-se uma visão clarividente, capaz de prever programas adequados para as áreas atingidas pelas mais graves injustiças e instabilidades, para que se garanta a todos o acesso ao autêntico desenvolvimento que promova o bem de meninos e meninas, esperanças da humanidade.

Por fim, desejo dirigir-vos uma palavra, a vós que caminhais ao lado de crianças e adolescentes pelas vias da emigração: eles precisam da vossa ajuda preciosa; e também a Igreja tem necessidade de vós e apoia-vos no serviço generoso que prestais. Não vos canseis de viver, com coragem, o bom testemunho do Evangelho, que vos chama a reconhecer e acolher o Senhor Jesus presente nos mais pequenos e vulneráveis.

Confio todos os menores migrantes, as suas famílias, as suas comunidades e vós que os seguis de perto à proteção da Sagrada Família de Nazaré, para que vele por cada um e a todos acompanhe no caminho; e, à minha oração, uno a Bênção Apostólica.

Cidade do Vaticano, 8 de setembro de 2016.

FRANCISCO

Vatican.va

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

UM APELO À IGREJA CATÓLICA A COMPROMETER-SE DE NOVO COM A CENTRALIDADE DA NÃO-VIOLÊNCIA EVANGÉLICA | Declaração e questões para discussão/reflexão pessoal e em grupo

Declaração final da conferência "Não-violência e Paz Justa: Contributo para a compreensão e compromisso católicos com a não-violência"
Roma, 11-13 abril de 2016.


Antes de ler a declaração, tenha em consideração as seguintes perguntas: O que significa para si a frase “não-violência evangélica”? Quem são os seus heróis da não-violência? Como pratica a não-violência? Como relaciona a Igreja com a não-violência? Como é que Jesus é não-violento e o que é que isso significa para o seu discipulado e para a Igreja?

As questões para a reflexão estão em negrito e em itálico. Este documento também está disponível em formato PDF.




UM APELO À IGREJA CATÓLICA A COMPROMETER-SE DE NOVO
COM A CENTRALIDADE DA NÃO-VIOLÊNCIA EVANGÉLICA

Como cristãos comprometidos com um mundo mais justo e pacífico estamos chamados a tomar uma posição clara a favor da não-violência ativa e criativa e a manifestar-nos contra todas as formas de violência. Com esta convicção e em reconhecimento do Ano Jubilar da Misericórdia declarado pelo Papa Francisco, pessoas de muitos países reunimo-nos em Roma para a Conferência sobre Não-violência e Paz Justa patrocinada pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz e pela Pax Christi Internacional, entre 11 e 13 de abril de 2016.

A nossa assembleia, povo de Deus vindo de África, Américas, Ásia, Europa, Médio Oriente e Oceânia incluiu pessoas leigas, teólogos, membros de congregações religiosas, padres e bispos. Muitos de nós vivemos em comunidades que experimentam a violência e a opressão. Todos somos praticantes da justiça e da paz. Estamos agradecidos pela mensagem do Papa Francisco*** à nossa conferência: “a reflexão para relançar o percurso da não-violência, e em especial da não-violência ativa, constitui um necessário e positivo contributo”.

O que pode fazer em resposta ao pedido do Papa Francisco para revitalizar “o percurso da não-violência, e em especial da não-violência ativa”?


OLHANDO PARA O NOSSO MUNDO HOJE

Vivemos numa época de extenso sofrimento, trauma generalizado e medo relacionados com a militarização, a injustiça económica, as alterações climáticas e milhares de outras formas específicas de violência. Neste contexto de violência normalizada e sistémica, aqueles de entre nós que vivem na tradição cristã, estamos chamados a reconhecer a centralidade da não-violência ativa na visão e na mensagem de Jesus; na vida e na praxis da Igreja Católica; e na nossa vocação de longo prazo de curar e reconciliar tanto as pessoas como o planeta.

O que significa para si, para a sua Igreja local e para a Igreja mundial a frase iniciada por “Neste contexto de violência normalizada e sistémica...”?

Alegramo-nos com as ricas experiências concretas de pessoas comprometidas no trabalho pela paz em todo o mundo, de quem escutamos muitas histórias durante esta conferência. As e os participantes compartiram as suas experiências de corajosas negociações com atores armados no Uganda e na Colômbia; o trabalho para proteger o Artigo 9, a cláusula de paz da Constituição japonesa; o acompanhamento na Palestina; e a educação para a paz a nível nacional nas Filipinas. Essas experiências iluminam a criatividade e o poder das práticas não-violentas em muitas e diversas situações de conflito violento potencial ou real. De facto, investigações académicas recentes demonstraram que as estratégias de resistência não-violenta são duas vezes mais eficazes que as estratégias violentas.

Onde vê atualmente “a criatividade e o poder das práticas não-violentas em muitas e diversas situações de conflito violento potencial ou real”?

Chegou o momento de a nossa Igreja ser um testemunho vivo e de investir muitos mais recursos humanos e financeiros na promoção de uma espiritualidade e prática da não-violência ativa, e na formação e capacitação das nossas comunidades católicas em práticas não-violentas eficazes. Em tudo isto, Jesus é a nossa inspiração e o nosso modelo.

Concorda com a afirmação: “Chegou o momento de a nossa Igreja ser um testemunho vivo e de investir muitos mais recursos humanos e financeiros na promoção de uma espiritualidade e prática da não-violência ativa, e na formação e capacitação das nossas comunidades católicas em práticas não-violentas eficazes”? Como pode ajudar a Igreja a promover a não-violência? De que modo “Jesus é a nossa inspiração e o nosso modelo” para isto?


JESUS E A NÃO-VIOLÊNCIA

No seu tempo, carregado de violência estrutural, Jesus proclamou uma nova ordem, não-violenta, enraizada no amor incondicional de Deus. Jesus chamou os seus discípulos a amarem os seus inimigos (Mateus 5,44), que inclui respeitar a imagem de Deus em todas as pessoas; a oferecerem resistência não-violenta a quem faz mal (Mateus 5,39); a converterem-se em construtores de paz; a perdoarem e a arrependerem-se; e a serem abundantemente misericordiosos (Mateus 5-7). Jesus encarnou a não-violência ao resistir ativamente à desumanização sistémica, como quando desafiou a lei do Sabat para curar o homem com a mão paralisada (Marcos 3,1-6); quando confrontou os poderosos no Templo e o purificou (João 2,13-22); quando pacífica mas decididamente desafiou os homens que acusavam uma mulher de adultério (João 8,1-11); quando na noite antes de morrer ordenou a Pedro não usar a espada (Mateus 26,52).

Examine cada uma das referências bíblicas e discuta o que é que elas significam para si. O que é a nova ordem não-violenta de Jesus? Como “amamos os nossos inimigos”? Como “oferecemos resistência não violenta àquele que faz o mal”? Como pode ser um construtor da paz? O que significa para si e para a igreja global afirmar que Jesus “encarnou a não-violência” e “resistiu ativamente ao mal”? O que significa para nós hoje o último mandamento de Jesus: “não usar a espada”?

Nem passiva nem débil, a não-violência de Jesus foi o poder do amor em ação. Na sua visão e obras Ele é a revelação e a encarnação do Deus Não-violento, uma verdade especialmente iluminada na Cruz e na Ressurreição. Ele chama-nos a desenvolver a virtude da construção não-violenta da paz.

Como é que Jesus é “a revelação e a encarnação do Deus Não-violento, uma verdade especialmente iluminada na Cruz e na Ressurreição”?

É claro que a Palavra de Deus, o testemunho de Jesus, não devem nunca ser utilizados para justificar a violência, a injustiça ou a guerra. Confessamos que o povo de Deus traiu muitas vezes esta mensagem central do Evangelho ao participar em guerras, perseguição, opressão, exploração e discriminação.

Como é que a Igreja, o Povo de Deus, “traiu muitas vezes esta mensagem central do Evangelho ao participar em guerras, perseguição, opressão, exploração e discriminação”? O que podemos fazer para desfazer esta traição global da não-violência evangélica, do Jesus não-violento?

Cremos que não existe “guerra justa”. Com demasiada frequência, a “teoria da guerra justa” foi utilizada para respaldar e não para prevenir ou limitar a guerra. Sugerir que uma “guerra justa” é possível também debilita o imperativo moral de desenvolver instrumentos e capacidades para a transformação não-violenta dos conflitos.

Desde o século IV a Igreja tem defendido a chamada “teoria da guerra justa”. Com o desenvolvimento do armamento moderno e do fracasso da guerra, bem como da redescoberta da não-violência de Jesus, o que pensa da afirmação: “Cremos que não existe ‘guerra justa’”? Se a Igreja abandonasse a teoria da guerra justa, o que significaria isso para a Igreja e para o mundo? O que significaria colocar toda a nossa segurança em Deus e aplicar a metodologia da não-violência evangélica a situações globais de conflito internacional?
Discuta a afirmação de que a “teoria da guerra justa” foi utilizada para respaldar e não para prevenir ou limitar a guerra e debilita o imperativo moral de desenvolver instrumentos e capacidades para a transformação não-violenta dos conflitos.

Necessitamos de um novo quadro de referência que seja consistente com a não-violência evangélica. Um outro caminho vai-se desenvolvendo claramente no recente ensinamento social católico. O Papa João XXIII escreveu que a guerra não é um meio apropriado para restaurar direitos; o Papa Paulo VI associou paz e desenvolvimento e disse à ONU “nunca mais a guerra”; o Papa João Paulo II disse que “a guerra pertence ao passado trágico, à história”; o Papa Bento XVI disse que “amar o inimigo é o núcleo da revolução cristã”; e o Papa Francisco disse que “a verdadeira força do cristão é o vigor da verdade e do amor, que requer a renúncia a toda a violência. Fé e violência são incompatíveis”. Ele também pediu veementemente a “abolição da guerra”.

A Conferência declara que “necessitamos de um novo quadro de referência que seja consistente com a não-violência evangélica”. Concorda? Como seria esse quadro de referência?

Propomos que a Igreja Católica desenvolva e considere a mudança para uma perspetiva de Paz Justa baseada na não-violência evangélica. A perspetiva da Paz Justa oferece uma visão e uma ética para construir a paz assim como para prevenir, reduzir e curar o dano causado pelo conflito violento. Esta ética inclui o compromisso com a dignidade humana e com umas relações florescentes, com critérios, virtudes e práticas específicas para guiar as nossas ações. Reconhecemos que a paz exige justiça e a justiça exige a construção da paz.

Discuta a proposta inovadora da conferência de que a Igreja “desenvolva e considere a mudança para uma perspetiva de Paz Justa baseada na não-violência evangélica”, com “uma visão e uma ética para construir a paz assim como para prevenir, reduzir e curar o dano causado pelo conflito violento”.


VIVER A NÃO-VIOLÊNCIA EVANGÉLICA E A PAZ JUSTA

Nesse espírito comprometemo-nos a promover a compreensão e a prática católicas da não-violência ativa no caminho para a paz justa.

Como se pode comprometer “a promover a compreensão e a prática católicas da não-violência ativa no caminho para a paz justa”? Como seria isso? Como podemos ajudar todos os católicos a praticarem a não-violência evangélica?

Com o desejo de sermos autênticos discípulos de Jesus, desafiados e inspirados pelos relatos de esperança e coragem destes dias, fazemos um apelo à Igreja que amamos para:
  • Continuar a desenvolver o ensinamento social católico sobre a não-violência. Em particular, apelamos ao Papa Francisco a compartilhar com o mundo una encíclica sobre não-violência e Paz Justa.
O que gostaria que o Papa Francisco afirmasse numa encíclica sobre não-violência e Paz Justa?
  • Integrar a não-violência evangélica de maneira explícita na vida, incluindo a vida sacramental, e no trabalho da Igreja através das dioceses, paróquias, organismos, escolas, universidades, seminários, ordens religiosas, associações de voluntariado e outras. 
Como pode ajudar nessa integração?
  • Promover práticas e estratégias não-violentas (p. ex. resistência não-violenta, justiça restaurativa, cura de traumas, proteção civil não armada, transformação de conflitos e estratégias de construção de paz).
Como fazer isto? Como pode ajudar? Como seriam a sua nação e o mundo com uma nova compreensão da não-violência e da transformação não-violenta dos conflitos?
  • Iniciar um diálogo global sobre não-violência no seio da Igreja, com pessoas de outras tradições religiosas e com o mundo em geral, para responder às crises monumentais do nosso tempo com a visão e as estratégias da não-violência e da Paz Justa.
Como podemos incentivar este diálogo?
  • Nunca mais usar ou ensinar a “teoria da guerra justa”; continuar a defender a abolição da guerra e das armas nucleares.
Teólogos e académicos têm debatido durante décadas a utilidade da teoria da guerra justa. Alguns acreditam que ela continua a ser útil para limitar ou evitar a guerra e para moderar os efeitos brutais da guerra. Os participantes na conferência de Roma acreditam que a “teoria da guerra justa” é um obstáculo à imaginação criativa, ao investimento financeiro e intelectual que ajudará o mundo a ir além da violência perpétua e da guerra. O que aconteceria se a Igreja se apartasse da teologia católica da “teoria da guerra justa” e investisse profundamente no desenvolvimento da compreensão católica da não-violência ativa? Isso ajudaria a Igreja e o mundo a desenvolverem práticas não-violentas mais eficazes para proteger comunidades vulneráveis, evitar conflitos violentos, transformar estruturas/sistemas de violência e promover culturas de paz?
  • Elevar a voz profética da Igreja para desafiar os poderes injustos deste mundo e para apoiar e defender os ativistas não-violentos cujo trabalho pela paz e pela justiça coloca as suas vidas em risco.
Quem são estas vozes proféticas da não-violência evangélica? Como pode ouvi-las e ajudar outros a ouvi-las? Como se pode tornar numa voz profética da não-violência evangélica? Qual é a mensagem que o Deus de paz e da não-violência está a dizer ao mundo da guerra e da violência? Como pode “apoiar e defender os ativistas não-violentos cujo trabalho pela paz e pela justiça coloca as suas vidas em risco”?

Em cada época, o Espírito Santo agracia a Igreja com a sabedoria para responder aos desafios do seu tempo. Em resposta à atual epidemia global de violência, que o Papa Francisco chamou de “guerra mundial aos pedaços”, somos chamados a invocar, orar, ensinar e tomar ações decisivas. Com as nossas comunidades e organizações esperamos continuar a colaborar com a Santa Sé e a Igreja mundial para promover a não-violência evangélica.

O que pode fazer para cumprir este mandato? Que ação concreta pode tomar na sua vida para se afastar da violência e promover a não-violência evangélica? Como pode ajudar a sua Igreja local e a Igreja mundial a cumprir este mandato sagrado?


Questões para a reflexão em formato PDF


Convidámo-lo(a) a assinar esta declaração individualmente, como paróquia ou como organização em:
https://nonviolencejustpeace.net/final-statement-an-appeal-to-the-catholic-church-to-re-commit-to-the-centrality-of-gospel-nonviolence/#form

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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

"Sob a espada de César": Documentário revela respostas dos cristãos à perseguição | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

Quando um homem se fez explodir no interior de uma igreja copta no Cairo, durante a missa de domingo, matando 25 pessoas a 11 de dezembro, não só cometeu um ato repulsivo como acrescentou outro exemplo à tendência global dos últimos anos: a perseguição de cristãos.

Dentro de uma faixa geográfica que a escritora Eliza Griswold identificou como o paralelo 10, da Líbia à Indonésia, os cristãos sofrem morte, tortura, detenção ilegal, destruição da sua propriedade, pesadas discriminações e outras violações dos direitos humanos por causa da sua fé.

Esta tendência está bem documentada, e apesar de os principais meios de comunicação social e grupos de direitos humanos a terem menosprezado nos últimos anos, começam agora a dar-lhe mais atenção.

O que é menos conhecido é como os cristãos respondem à perseguição. Depois do atentado de dezembro no Cairo, o papa Francisco telefonou ao papa Tawadros II, da Igreja copta, para expressar solidariedade naquele que é conhecido como "ecumenismo de sangue", a partir do qual as Igrejas cristãs se aproximam pela partilha de experiências de martírio.

Onde há perseguição, os cristãos fogem, ocultam-se quando se juntam em oração, pegam em armas, promovem protestos não violentos, constroem relações com líderes de outras fés, estão nos tribunais e aceitam o martírio.

O projeto "Under Caesar's Sword" ("Sob a espada de César") é considerada a primeira investigação sistemática a nível mundial sobre as respostas dos cristãos à perseguição em mais de 25 países, reunindo para o efeito uma equipa de 15 estudiosos de renome que se dedicam ao estudo do cristianismo a nível global.

Depois da apresentação pública do relatório de trabalho, em Roma, em dezembro de 2015, o fruto mais recente da investigação é um penetrante documentário de 26 minutos, com o mesmo título do projeto.

Produzido por Jason Cohen, realizador nomeado para o Óscar, o filme foi rodado na Turquia e na Índia e contém extraordinários testemunhos de cristãos que foram acossados, que referem como responderam à perseguição.

Na Índia, os cristãos, que representam 2,3 por cento da população, sofreram às mãos dos extremistas hindus nos levantamentos de 2007-2008 em Kandhamal e responderam construindo pontes para hindus, muçulmanos e budistas, organizando iniciativas que promovessem a paz e invocando a Constituição da Índia, que assegura a liberdade religiosa.

Já na Turquia, os cristãos são menos do que dois por cento da população, tendo caído significativamente desde o estabelecimento da República, em 1923, por causa de morticínios, perseguições e imposição de leis discriminatórias. Também aqui os cristãos criaram ligações com a população e procuraram estabelecer a sua situação com cidadãos livres e iguais.

Em ambos os países o documentário mostra que as comunidades cristãs minoritárias enfrentam árduas batalhas para ganhar respeito pela sua liberdade, mas não perdem a esperança e são apoiadas pela sua fé.

"Sob a espada de César" inclui o testemunho de Paul Bathi, irmão de Shahbaz Bahatti, ministro federal do Paquistão para as Minorias, assassinado por militantes muçulmanos em março de 2011. Católico romano, Shahbaz aceitou o lugar no Governo como apelo à proteção dos marginalizados, em particular das suas religiões minoritárias.

Depois da morte de Shahbaz, Paul passou de uma atitude de amargura para a aceitação do cargo ocupado pelo irmão, na sequência de inúmeras manifestações de apoio, inclusive entre muçulmanos. Seguindo o exemplo da sua mãe, acabou por perdoar os homicidas.

O filme que apresentamos, em inglês, não está legendado, mas o seu visionamento constitui um convite à proximidade, na oração e noutros gestos concretos, com os cristãos perseguidos. A página do documentário inclui excertos de dois e sete minutos, bem como um guia com sugestões para discussão do tema em grupo.



Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

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Intenção do Papa Francisco para o mês de Janeiro: Os cristãos ao serviço da humanidade




Por todos os cristãos, para que contribuam, com a oração e a caridade fraterna, para restabelecer a plena comunhão eclesial, ao serviço dos desafios da humanidade.

Papa Francisco - Janeiro 2017


Vídeo do Papa

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Dia Mundial da Paz. Entrevista a Margarida Saco, Vice-presidente da Pax Christi Portugal


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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Dia Mundial da Paz. Entrevista a Margarida Saco, Vice-Presidente da Secção portuguesa da Pax Christi



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Pope Francis’s peacebuilding pedagogy | Catholic Nonviolence Initiative



Following is a commentary written by Dr. Gerald Schlabach, one of the participants in the 2016 Nonviolence & Just Peace conference, on Pope Francis’s 2017 World Day of Peace message. Dr. Schlabach teaches at the University of St. Thomas, Minneapolis. A longer version of this piece is posted on his blog.

It is not too soon to anticipate the challenge of “reception.”

All signs suggest that Pope Francis’s 2017 World Day of Peace (WDP) message will only be an initial response to the appeal for clearer teaching on gospel nonviolence issued at the historic conference co-sponsored by Pax Christi International and the Pontifical Council on Justice and Peace in Rome last April. More is likely to come. Advisers who assist the Holy Father in drafting any future encyclical, as well as activists who seek to amplify papal signals, have some clear markers to follow.

Vatican-ese can sometimes be frustrating but its nuance sometimes serves to balance considerations and forge consensus in a complex global community. Pope Francis exercises an appropriate Vatican savvy as he alludes to the possible use of “just war” criteria his WDP message, yet leaves the theory unnamed – for now, neither rejected outright nor defended.

What Pope Francis names instead is the space that the Catholic moral traditions have hoped the “just war” theory would fill. Section 6 of the WDP message begins this way:

Peacebuilding through active nonviolence is the natural and necessary complement to the Church’s continuing efforts to limit the use of force by the application of moral norms; she does so by her participation in the work of international institutions and through the competent contribution made by so many Christians to the drafting of legislation at all levels.

‍Now because “just war” theory has long provided the framework for those efforts, this sentence might seem to validate its continued use. Yet the papal restraint that left “just war” theory here unnamed also recalls the unease that once prompted Cardinal Joseph Ratzinger – later Pope Benedict XVI – to wonder out loud whether “today we should be asking ourselves if it is still licit to admit the very existence of a ‘just war.’”

After all, what Pope Francis does next in section 6 of his WDP message is breathtaking. He insists that “Jesus himself offers a ‘manual’ for this strategy of peacemaking in the Sermon on the Mount.” Two things are going on here.

First, calling the Sermon on the Mount a “‘manual’” is a most intriguing word choice. “Manualism” was a neo-scholastic mode of Catholic moral deliberation ascendant until the Second Vatican Council. Whatever its virtues, its rationalistic focus on natural law tended to de-emphasize biblical sources and thus offered a comfortable home for “just war” casuistry. To now, instead, call the Sermon on the Mount (Matthew 5-7) the Church’s manual for peacemaking hardly seems an accident.

In any case, a second signal is unmistakable: After reflecting briefly on the Beatitudes as a template for the virtues that any authentic peacemaker will embody, Pope Francis describes the Sermon on the Mount and the Beatitudes as “also a programme and a challenge for political and religious leaders, the heads of international institutions, and business and media executives” to apply amid “the exercise of their respective responsibilities.” The manual that Jesus provides, in other words, is not just for the personal lives of particularly saintly Christians. It applies to the public realm. It elicits, as the WDP title has already announced, a “style of politics for peace.”

Here, though, is where we must especially anticipate the challenge of reception. Serious biblical exegesis recognizes paradigmatic models in the Sermon on the Mount for a sophisticated practice of active nonviolence that counters injustice with the creativity needed to transform social processes. It is not simply protest and certainly not passivity. Yet the assumption of many is going to be that practicing the Sermon on the Mount in public affairs is a lofty ideal, no more.

Pope Francis certainly knows better. In section 3, he calls Jesus’ message a “radically positive approach,” not just a negative refusal of violence. He pairs Jesus’ teaching about love of enemies with his resistance toward unjust accusers who were about to stone a woman caught in adultery. He also reiterates his predecessor Benedict’s characterization of enemy love as “the nucleus of the ‘Christian revolution.’” Then in section 4 he outlines historical examples of how the “decisive and consistent practice of nonviolence has produced effective results.”

Amplifying Pope Francis’s message by tirelessly recounting such histories is obviously one key way to invite a wide reception of gospel nonviolence. Following the exegesis of Matthew 5 by New Testament scholar Walter Wink and Christian ethicist Glen Stassen, another key will be to explain the social dynamics of active nonviolence in which courageously “turning the other cheek” or otherwise loving enemies can expose injustice and turn the tide of bystander complacency into support.

But for a truly wide reception by which jaded opinion-leaders or parishioners anxious about their nations’ security take a second look at Pope Francis’s WDP message now – and eventual encyclical later – we will need still more. Again, though, the Holy Father charts a path in his WDP message, though this time perhaps by papal intuition rather than explicitly.

At various points throughout the document Pope Francis argues for active nonviolence by citing cycles of violence and the need to escape them. The pope does not deny that war may sometimes respond to injustice. Yet, he asks, “Where does this lead? Does violence achieve any goal of lasting value?” No, it leads “to retaliation and a cycle of deadly conflict” (section 2). Gospel nonviolence is the truly revolutionary alternative because “responding to evil with good” rather than “succumbing to evil” in kind breaks “the chain of injustice” (section 3).

This line of reasoning can widen reception of the magisterium’s growing body of teaching on gospel nonviolence because the diagnosis of vicious cycles is something with which practitioners of “just war” theory can agree. In war, even winners lose. Even supposedly just wars plant the seeds of new resentments, and thus new rounds of mutually reinforcing injustice.

This was Jesus’ own pedagogy in the Sermon on the Mount itself. Glen Stassen has demonstrated that Jesus’ teachings there reveal Jesus’ very approach to moral reasoning. Jesus’ consistent pattern was to first name the people’s “traditional righteousness” or morality, then demonstrate its inability to escape vicious cycles, then offer “transforming initiatives.” His focus was not on dismantling traditional righteousness per se; a standard teaching such as “eye for an eye” might even be commendable as far as it went. But because traditional righteousness did not go far enough, Jesus’ focus was on “transforming initiatives” that resist evils but not in kind. (Also see here.)

The space that the Church has long hoped “just war” theory would fill does need filling. “Just war” theory has long seemed necessary because it offers a lingua franca across worldviews and ethical frameworks. Even those who doubt the justice of any war have sometimes needed to use it as a second language for engaging in “efforts to limit the use of force by the application of moral norms.”

If we follow Jesus’ lead we will not need to wait until all Catholic theologians, bishops, or other opinion-leaders are convinced to abandon their “traditional righteousness” and agree that there is no “just war.” Church-wide reception of gospel nonviolence and just peace can take root simply by moving on, as Jesus’ did, to a second then third point – the diagnosis of vicious cycles as proper complement to the social power and moral imperative of transforming initiatives.

Catholic peacebuilders can be grateful that the Vatican is listening, but we should also learn from Pope Francis’s pedagogically savvy rhetorical strategy. An eventual encyclical may not take down the “just war” theory at one fell swoop. Everything in church history and the development of doctrine suggests that the magisterium is loath to say that great Christian authorities of the past were outright wrong. Rather, popes and church councils look for clever ways to simply move on. My prediction is that the “just war” theory will be damned with faint praise, or killed with a thousand cuts. Our most realistic hope is the “just war” will go the way of capital punishment, which Pope John Paul II did not quite reject in theory but did reject for modern societies (Evangelium Vitae §56).

Pope Francis’s 2017 World Day of Peace message is exactly what that process is going to look like. The job of Catholic peacebuilders is to amplify its signals.

A fuller version of this article is available at http://www.geraldschlabach.net/2017/01/02/wdp17.

Catholic Nonviolence Initiative

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Fraternitas Movimento (Núcleo de Lisboa) organiza Encontro Ecuménico

O núcleo de Lisboa da Fraternitas Movimento promove, no próximo dia 14 de janeiro, no Externato Marista de Lisboa, um encontro ecuménico.

Com início às 09:30 e encerramento às 17:30, a atividade tem quatro sessões temáticas: «À procura da unidade»; «Perspetivas, passos ecuménicos»; «Dinamismo e vivência ecuménica» e «Oração ecuménica».


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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A Não-Violência Ativa e Criativa - Nota da CNJP sobre a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2017

A Comissão Nacional Justiça e Paz, com esta breve nota, quer chamar a atenção para a oportunidade dos apelos lançados pelo Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017.

Salienta esta mensagem que a violência não permite alcançar objetivos de valor duradouro, que responder à violência com a violência e a vingança desencadeia uma espiral de morte infindável, que beneficia apenas poucos “senhores da guerra”. Grandes quantidades de recursos são, desse modo, destinadas a fins militares e subtraídas às exigências da grande maioria dos habitantes da terra. Também não é resposta duradoura à violência a dissuasão nuclear, com a ameaça duma segura destruição recíproca.

Há, então, que buscar resolver as controvérsias pelas vias da razão, das negociações baseadas no direito, na justiça e na equidade. A não-violência deve tornar-se o estilo característico dos relacionamentos e da ação política.

O amor ao inimigo constitui a «magna carta da não-violência cristã», que consiste em responder ao mal com o bem, invertendo dessa forma a espiral de represálias.

A não-violência assim entendida não se confunde com a rendição ou a passividade, pelo contrário, é ativa e criativa e exige o máximo empenho e coragem. A história dá-nos exemplos do sucesso de combates não violentos pela justiça: Gandhi na libertação da Índia, Martin Luther King Jr contra a discriminação racial nos Estados Unidos, João Paulo II e outros na queda do comunismo.

Este compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é um património exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas. A violência é uma profanação do nome de Deus. Só a paz é santa, não a guerra.

A origem da violência reside no coração humano. É da família que pode brotar a não-violência, onde os conflitos são superados com o diálogo, o respeito, a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão. A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade. Com esse objetivo contrastam a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças.

Estes apelos são oportunos na “guerra mundial aos pedaços” que atinge muitos países. Mas também são oportunos em Portugal.

Pelo facto de beneficiarmos da paz (há quem diga que somos dos países mais pacíficos do mundo), não podemos ser indiferentes a esses cenários de guerra e temos especiais deveres de solidariedade para com as suas vítimas (como são muitos dos refugiados que chegam à Europa).

E a não-violência ativa e criativa, as vias do diálogo e do perdão, de que nos fala o Papa Francisco, são oportunas na superação de todo o tipo de conflitos, familiares, sociais, económicos ou políticos, que também marcam a sociedade portuguesa.

Lisboa, 1 de janeiro de 2017

A Comissão Nacional Justiça e Paz

[documento em PDF]

CNJP

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