a OBSERVATÓRIO DA PAX: novembro 2013

sábado, 30 de novembro de 2013

ADVENTO 2013: 1º DOMINGO DO ADVENTO

1. Ambientação

A fé revela quão firmes podem ser os vínculos entre os homens, quando Deus Se torna presente no meio deles. Não evoca apenas uma solidez interior, uma convicção firme do crente; a fé ilumina também as relações entre os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus. O Deus fiável dá aos homens uma cidade fiável.

PAPA FRANCISCO – Lumen fidei, n. 50


2. Reflexão

[E]ste nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é a "casa da harmonia e da paz" e é o lugar onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se "em casa", porque "isso é bom". Toda a criação constitui um conjunto harmonioso, bom, mas os seres humanos em particular, criados à imagem e semelhança de Deus, formam uma única família, em que as relações estão marcadas por uma fraternidade real e não simplesmente de palavra: o outro e a outra são o irmão e a irmã que devemos amar, e a relação com Deus, que é amor, fidelidade, bondade, reflete-se em todas as relações humanas e leva harmonia a toda a criação. O mundo de Deus é um mundo onde cada um se sente responsável pelo outro, pelo bem do outro. Esta noite, […] cada um de nós, todos nós pensamos no profundo de nós mesmos: não é este o mundo que eu desejo? Não é este o mundo que todos levamos no coração? O mundo que queremos não é um mundo de harmonia e de paz, em nós mesmos, nas relações com os outros, nas famílias, nas cidades, nas e entre as nações? E a verdadeira liberdade para escolher entre os caminhos a serem percorridos neste mundo, não é precisamente aquela que está orientada para o bem de todos e guiada pelo amor?

PAPA FRANCISCO – Homilia na Vigília de Oração pela Paz. 7 de setembro de 2013, n. 1


3. Gesto de Paz

Acende-se a PRIMEIRA VELA da Coroa do Advento.

Como é o mundo que desejamos? Como imaginamos a nossa Casa da Paz? É só nossa ou também de todos os outros? Temos “liberdade para escolher entre os caminhos a serem percorridos neste mundo”: qual o caminho que escolhemos? E qual é o primeiro passo que queremos dar esta semana nesse caminho? Vamos escrever num papel esse passo e colocá-lo bem visível no quarto, na sala,… para nos recordarmos do compromisso que assumimos.


4. Oração

1. Bom Deus, que nos deste a tua Paz, permite-nos partilhá-la com quem está à nossa volta para que o amor e a harmonia estejam sempre presentes nas nossas vidas, para que todo o mundo seja feliz, para que possamos viver dignamente e como irmãos e para que todos se alegrem na tua presença.

Todos: Unidos na diversidade, invocamos a tua Graça Infinita e com humildade suplicamos-te que recebas a nossa oração e nos convertas em instrumentos da tua Paz.


5. Bênção

1. No meio da ira, da violência e da decepção; no meio de guerras e destruição da terra, o Senhor nos mostre a sua luz e nos conceda a força para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz.

Todos: Ao Senhor, nosso Deus, que dirige palavras de paz ao seu povo e a todos os que a Ele se convertem de coração sincero, seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Ámen.


In: Reconstruamos a casa da harmonia e da paz! Contributos para a celebração do Advento 2013. Esta brochura está disponível online aqui.

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ADVENTO 2013

Reconstruamos a casa da harmonia e da paz!

«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25). A narração bíblica da origem do mundo e da humanidade fala-nos de Deus que olha a criação, quase contemplando-a, e repete uma e outra vez: isso é bom. Isso, queridos irmãos e irmãs, permite-nos entrar no coração de Deus e recebermos a sua mensagem que procede precisamente do seu íntimo. Podemos perguntar-nos: qual é o significado desta mensagem? O que diz esta mensagem a mim, a ti, a todos nós? Simplesmente diz-nos que o nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é a "casa da harmonia e da paz" e é o lugar onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se "em casa", porque "isso é bom".

São estas palavras, pronunciadas pelo Papa Francisco na Vigília de Oração pela Paz, no passado dia 7 de setembro de 2013, que norteiam este itinerário que, de há alguns anos para cá, a Pax Christi Portugal propõe para viver o tempo do Advento, que agora iniciamos, tendo como ideia central a Paz.

Celebrar o Advento, tempo de expectativa, de esperança e de preparação para a visita do Senhor, é renovar a certeza de que a casa que Deus preparou para nós é uma casa de harmonia e de paz. É renovar a certeza de que é possível sair da espiral de dor e de morte que afeta esta casa. É renovar a certeza de que é possível aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz. É renovar a certeza de que é possível reconstruirmos a harmonia perdida.

Neste tempo de Advento, em expectativa vigilante e laboriosa, alimentada pela oração e pelo compromisso efetivo do serviço, sejamos em todos os ambientes, homens e mulheres de reconciliação e de paz. Reconstruamos a casa da harmonia e da paz!

Novembro de 2013.


In: Reconstruamos a casa da harmonia e da paz! Contributos para a celebração do Advento 2013. Esta brochura está disponível online aqui.

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Declaração de Pax Christi Internacional sobre a Guerra Civil na Síria

Declaração da Pax Christi Internacional sobre a Guerra Civil na Síria
Por uma solução política, justa e negociada, para a guerra na Síria


Em resposta à violência em curso na Síria e ao grande sofrimento do povo sírio, a Pax Christi Internacional pede o acesso humanitário total no país e apela a um forte apoio internacional para as negociações de Genebra 2 com base numa estrutura que garanta justiça.


A fome não pode ser usada como uma arma

Além de 2,2 milhões de refugiados, a maioria dos quais estão no Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque, mais de 5 milhões de sírios estão deslocados internamente. Muitos tiveram de deslocar-se várias vezes e estão com necessidade urgente de assistência humanitária. O cerco militar de áreas, como a região de Ghouta, nega aos civis dessas regiões o acesso a alimentos, água e cuidados de saúde. Nesta situação, cada vez mais terrível, as agências humanitárias devem ter acesso sem restrições às populações necessitadas.

A Pax Christi Internacional junta-se às Nações Unidas, Cruz Vermelha Internacional, organizações do Crescente Vermelho, e inúmeras organizações da sociedade civil e instituições de fé nos seus apelos a uma plena cooperação do governo sírio e de todos os atores envolvidos na guerra civil para uma abertura das fronteiras e acesso interno para os prestadores de ajuda a todos os que necessitam de assistência.

A fome nunca deve ser usada como uma arma. A Rússia e o Irão, como aliados do governo sírio, e os países árabes e ocidentais, que apoiam a oposição síria, devem usar a sua total capacidade diplomática e política para pressionar as diferentes partes na Síria a respeitar a Convenção de Genebra e para que se abstenham de usar a fome como uma arma.


Da proteção das fronteiras à proteção das pessoas

Além disso, a Pax Christi Internacional insta aos doadores internacionais para honrarem e até mesmo aumentarem os seus compromissos de ajuda externa para os países da região que hospedam milhões de refugiados sírios.

Em particular, a Pax Christi Internacional está deveras preocupada com relatórios de alguns países da União Europeia que estão a impedir a entrada ou a forçar os requerentes de asilo a regressarem aos seus países, incluindo pessoas que fugiram do conflito na Síria.

A Pax Christi Internacional está a apelar, a nível global, bem como na União Europeia, para uma mudança da proteção das fronteiras para proteção das pessoas que garanta o estatuto de refugiado aos sírios que fogem do país. Ao serem-lhes colocadas barreiras de qualquer tipo, estes sírios podem ter de fazer travessias mais perigosas e ficarem à mercê de contrabandistas. A responsabilidade de acolher os refugiados sírios não pode ser deixada apenas aos países vizinhos que não têm capacidade nem meios para isso.


Rumo a Genebra 2, embargo de armas e um cessar-fogo

A Pax Christi Internacional saúda a declaração feita por Ban Ki Moon, Secretário Geral da ONU, em 25 de Novembro de 2013, anunciando que a conferência de paz de Genebra 2 será convocada para dia 22 de janeiro de 2014.

A Pax Christi Internacional acredita que uma solução política negociada para o conflito na Síria é essencial, e insta o governo da Síria e uma delegação amplamente representativa da oposição síria a entrarem rapidamente e com boa vontade nesse processo.

A comunidade internacional, primeiramente através das Nações Unidas, deve fornecer a infraestrutura necessária, a mediação e um calendário para facilitar esse processo, mas os próprios sírios devem ser os principais atores. Os atores da sociedade civil síria comprometidos com a não-violência e as mulheres, em particular, devem ser consultados antes das negociações. A sociedade civil necessita também de ser consultada durante as negociações e deverá monitorizar a implementação dos acordos.

Um cessar-fogo e o acesso humanitário às áreas sitiadas será um primeiro item essencial na agenda de Genebra 2, se não for decretado antes do início das negociações.

A segunda conferência sobre a cooperação para a segurança e outras questões críticas na região, incluindo a criação de uma zona livre de armas de destruição em massa no Médio Oriente, segue-se a Genebra 2 e deve envolver todas as nações afetadas pelo conflito sírio.

Ao mesmo tempo, os atores externos, tais como os Estados Unidos, Rússia, Irão, Arábia Saudita, Qatar, Turquia e muitos outros países devem dar prioridade à paz nas suas próprias agendas geopolíticas; evitar alimentar uma nova escalada do conflito; deixar de fornecer armas ao governo Sírio ou a qualquer outro ator armado; apoiar organizações da sociedade civil comprometidas com a paz; e defender vigorosamente uma solução política.

A Pax Christi Internacional apoia totalmente o apelo de Ban Ki -Moon, Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, para a implementação de um embargo de armas da ONU. Tal embargo deve cortar as linhas de abastecimento para as partes em conflito na Síria, como um passo para evitar novos crimes de guerra e evitar o esvaziamento antecipado do resultado das negociações.

O povo sírio terá que escolher o seu próprio futuro. Não cabe à comunidade internacional impor-lhe um.


Honrando a diversidade étnica e religiosa, responsabilização por crimes de guerra, construção de confiança

A Pax Christi Internacional acredita, ainda, que o caminho para a paz na Síria vai exigir a construção de um quadro político sustentável e inclusivo, que defenda os direitos e respeite a diversidade de todos os sírios, independentemente da sua origem étnica ou religiosa, ou género, e um processo justo para determinar a responsabilidade por crimes de guerra ou crimes contra a humanidade cometidos por qualquer das partes no conflito. A fim de facilitar um processo de justiça de transição pós-guerra, deve ser conduzida uma investigação preparatória dos crimes de guerra e crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional ou outras instituições legais apropriadas.

A comunidade internacional deve também estar preparada para cooperar com o povo sírio apoiando uma vigorosa agenda de construção da paz. Os processos de construção de confiança devem começar rapidamente, pelo menos, numa pequena escala e em larga escala a longo prazo.


Defender uma solução política e rezar pela paz na Síria

A Pax Christi Internacional apela às suas Organizações-membro e a todas as pessoas de boa vontade em todo o mundo para:

  • partilharem esta declaração com as suas próprias autoridades nacionais e embaixadores de países envolvidos no conflito sírio, instando-os a apoiarem ativamente a conferência de Genebra 2;
  • apoiarem os esforços da Caritas Internacional, do Serviço Jesuíta aos Refugiados e outras organizações humanitárias para prestarem socorro urgente ao povo sírio;

  • organizarem celebrações públicas de oração pela paz na Síria e expressar solidariedade com o povo da Síria. O próximo Dia Mundial da Paz, dia 1 de janeiro de 2014, pode ser um momento de reflexão e oração pela paz na Síria.

Bruxelas, 26 de novembro de 2013

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre denuncia aumento da perseguição aos cristãos


Catarina Bettencourt, presidente da Direção da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), apresentou o relatório “Perseguidos e esquecidos?” onde constata que a perseguição aos cristãos “tomou proporções muito maiores, muito mais sérias e muito mais violentas”.

“Cada vez há mais perseguição, cada vez há mais uma ausência de liberdade religiosa e o que verificamos é que há países onde de facto a situação se tornou quase insustentável”, começa por explicar Catarina Bettencourt, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre apresentou o último relatório sobre a liberdade religiosa “Perseguidos e esquecidos?”, onde analisou 30 países “em maior detalhe”, entre 2011-2013, e concluiu que em 75% dos casos verificados no mundo a vítima foi sempre um cristão. (Mais ...)


Agência Ecclesia

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domingo, 24 de novembro de 2013

Reconstruamos a casa da harmonia e da paz! Contributos para a celebração do Advento 2013

«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25). A narração bíblica da origem do mundo e da humanidade fala-nos de Deus que olha a criação, quase contemplando-a, e repete uma e outra vez: isso é bom. Isso, queridos irmãos e irmãs, permite-nos entrar no coração de Deus e recebermos a sua mensagem que procede precisamente do seu íntimo. Podemos perguntar-nos: qual é o significado desta mensagem? O que diz esta mensagem a mim, a ti, a todos nós? Simplesmente diz-nos que o nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é a “casa da harmonia e da paz” e é o lugar onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se “em casa”, porque “isso é bom”.

São estas palavras, pronunciadas pelo Papa Francisco na Vigília de Oração pela Paz, no passado dia 7 de setembro de 2013, que norteiam este itinerário que, de há alguns anos para cá, a Pax Christi Portugal propõe para viver o tempo do Advento, que iniciaremos no próximo dia 1 de dezembro, tendo como ideia central a Paz.

Celebrar o Advento, tempo de expectativa, de esperança e de preparação para a visita do Senhor, é renovar a certeza de que a casa que Deus preparou para nós é uma casa de harmonia e de paz. É renovar a certeza de que é possível sair da espiral de dor e de morte que afeta esta casa. É renovar a certeza de que é possível aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz. É renovar a certeza de que é possível reconstruirmos a harmonia perdida.

Neste tempo de Advento, em expectativa vigilante e laboriosa, alimentada pela oração e pelo compromisso efetivo do serviço, sejamos em todos os ambientes, homens e mulheres de reconciliação e de paz. Reconstruamos a casa da harmonia e da paz!

Reconstruamos a casa da harmonia e da paz! Contributos para a celebração do Advento 2013 está disponível para impressão em dois formatos: Livro dobrado ou em A5 simples.


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terça-feira, 19 de novembro de 2013

«10 Milhões de Estrelas - Um Gesto pela Paz»: Campanha de Natal da Cáritas Portuguesa

A Cáritas Portuguesa volta a anunciar a sua campanha anual de Natal, “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”, que este ano conta com o apoio da maestrina Joana Carneiro. Numa época de crise social e económica a Cáritas pretende iluminar o coração dos portugueses com a décima primeira edição da 10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz 2013, o projeto de visa apoiar os cidadãos mais desfavorecidos, através da venda de velas pelo preço simbólico de 1€. É possível adquirir um pack de 4 velas por 4€ , que inclui no interior um Presépio para pintar.

A Cáritas tem como objetivo vender este ano mais de 500.000 velas. O valor final recolhido nesta campanha, promovida pela Cáritas Portuguesa e pelas diversas Cáritas Diocesanas do país, será aplicado em duas causas distintas: 65% reverterão a favor das famílias e pessoas em situação de carência socioeconómica que serão ajudadas através das Cáritas Diocesanas e paróquias; e 35% reverterão para uma causa internacional. Este ano a Cáritas irá ajudar as vítimas do conflito da Síria.

As velas podem ser compradas nas Cáritas Diocesanas, escolas e paróquias que aderiram, assim como em outros locais, nomeadamente algumas empresas. A cadeia de supermercados Pingo Doce continua a ser parceira da Cáritas Portuguesa na venda de velas.

Cáritas Portuguesa

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«Desafios éticos do trabalho humano»: Mensagem da Conferência Episcopal Portuguesa

«Desafios éticos do trabalho humano» 
Mensagem da Conferência Episcopal Portuguesa 

1. Um dos problemas mais graves que hoje atingem o nosso País diz respeito à situação do mundo do trabalho. Para muitos, o problema consiste no desemprego; para outros, no trabalho precário ou mal remunerado; para outros ainda, tem sido a necessidade de cargas suplementares de esforço na procura da sobrevivência das suas empresas. Sobressai a elevada taxa de desemprego dos jovens, muitos dos quais escolheram a emigração como forma de obterem o que não encontram no seu País. Também muitas pessoas de meia-idade vivem situações complicadas de adaptação laboral num período repleto de encargos económicos, devendo merecer uma solicitude particular por parte da sociedade e do Estado.
Muitos outros têm também sido duramente atingidos pela crise e pelas medidas tomadas para a combater. Neste contexto, entendemos ser particularmente oportuno afirmar a mensagem nuclear da Igreja sobre o trabalho humano. Direito e dever do trabalho

2. Como afirmou o Papa João Paulo II, na sua encíclica sobre o trabalho humano: «A Igreja está convencida de que o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência do homem sobre a terra»[1], não apenas enquanto meio de sustento, mas também enquanto atividade inerente ao processo de desenvolvimento de cada pessoa e da sociedade. De acordo com esta visão humanista, o trabalho constitui um direito e um dever, decorrentes da natureza humana e da sua inviolável dignidade; para os cristãos decorre também do facto de todo o ser humano, homem ou mulher, ser «imagem de Deus»[2], um Deus ativo e criador.
Quando a Igreja fala em dignidade humana refere-se, antes de mais, a uma qualidade inerente à própria natureza humana, que implica a consideração do homem e da mulher como seres livres, dotados de subjetividade, inteligência, vontade e criatividade; bem como de capacidade para decidir e assumir responsabilidades e relacionar-se com os outros, realizando-se a si próprios. Deste modo, o trabalho deverá permitir a todos o exercício efetivo daquelas qualidades e potencialidades.
Neste entendimento, não é qualquer trabalho que satisfaz as exigências da dignidade humana. Daí, também, nas palavras do Papa João Paulo II, a «obrigação moral de unir a laboriosidade como virtude com a ordem social do trabalho, o que há de permitir ao homem tornar-se mais homem no trabalho, e não já degradar-se por causa do trabalho»[3].
O Papa Francisco sublinhou, recentemente, que importa «voltar a colocar no centro a pessoa e o trabalho. A crise económica tem uma dimensão europeia global; no entanto, a crise não é apenas económica, mas também ética, espiritual e humana. Na raiz existe uma traição ao bem comum, quer da parte do indivíduo, quer da parte de certos grupos de poder. Por conseguinte, é necessário tirar a centralidade à lei do lucro e do rendimento, e voltar a dar a prioridade à pessoa e ao bem comum»[4]. (Mais ...)

Agência Ecclesia

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Comunicado da Comissão Nacional Justiça e Paz: "Pessoas antes dos números, sempre"

Pessoas antes dos números, sempre 
Comunicado da Comissão Nacional Justiça e Paz


1. Em Abril passado, passaram cinquenta anos sobre a data de publicação da célebre encíclica do Papa João XXIII sobre a PAZ (Pacem in Terris). Para comemorar tão significativa data, a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) organiza, em parceria com a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, uma conferência sobre alguns fatores de paz.
Comemorar não é apenas recordar. É, também, e sobretudo, atualizar o empenhamento dos cristãos e dos homens e mulheres de boa vontade, no sentido de marcar a vida do país, da Europa e do mundo com as sábias orientações daquele documento memorável, na linha da construção da paz na justiça, e da intransigente defesa da dignidade humana, na sua dimensão individual e na sua relação com os outros. É, ainda, perceber a atualidade e o sentido daquela intervenção; celebrar é colher o mesmo dinamismo de atenção à realidade - lendo os sinais dos tempos, escutando os anseios e as esperanças dos nossos contemporâneos (à maneira do que, pouco depois, o Concílio Vaticano II havia de escrever na Constituição Pastoral Gaudium et spes (cf. n.1) - e procurando, com serenidade, propor uma palavra de esperança que possa contribuir para a transformação da realidade que conhecemos, para a tornar lugar da presença do Reino de paz e de Justiça, de um mundo fraterno.

2. Em Setembro de 2012, a CNJP publicou um comunicado, intitulado “Os números e as Pessoas”, em que dava conta das preocupações relativas à economia e às condições de vida dos portugueses, e alertava para alguns pontos importantes: a) o falhanço no cumprimento dos objetivos fixados no Memorando de Entendimento, sem que se tirassem consequências no respeitante à correção das políticas adotadas; b) a degradação da situação social, com o consequente enfraquecimento do Estado de Direito; c) a falta de equidade na distribuição dos sacrifícios impostos; d) a excessiva passividade das autoridades face às exigências dos credores e da Europa.
Infelizmente, as considerações então feitas continuam válidas e devem mesmo ser reforçadas. Com efeito, o progresso conseguido nalgumas variáveis continua a ser claramente insuficiente, face aos objetivos, os quais vão sendo progressivamente adiados. Neste entendimento, a CNJP expressa, uma vez mais, a sua profunda preocupação com a situação de muitos dos nosso concidadãos, arrastados para condições de vida impróprias, mesmo em tempo de crise e emergência. Reconhecemos que o país está sujeito ao cumprimento de metas financeiras e orçamentais fixadas no Memorando de Entendimento. São condicionantes relevantes da política nacional, mas não é aceitável que se transformem em objetivos finais da governação. Os governos existem, não para cumprir metas orçamentais, mas para promover o bem-estar das pessoas e das famílias, de forma sustentável. Com os recursos existentes no país, na União Europeia e nas instituições internacionais envolvidas, não é aceitável que sobre o povo português se faça desabar um tipo de austeridade objetivamente desumano, em resultado de objetivos financeiros transformados em finalidade última e única das políticas públicas. (Mais ...)

Agência Ecclesia

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Conferência Nacional "Diálogo e Democracia: instrumentos para a paz na Europa"

A Comissão Nacional Justiça e Paz em parceria com a Faculdade de Teologia de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa irá realizar a sua conferência nacional com o tema "Diálogo e Democracia: instrumentos para a paz na Europa", no próximo dia 23 de novembro, no Auditório Cardeal Medeiros, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa.

Mais informações aqui.





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