A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) publicou hoje a sua mensagem para a Quaresma 2014, intitulada "Pobreza e Riqueza de Deus e dos Homens", inspirada na mensagem do Papa Francisco para a quaresma deste ano.
1. É hoje evidente que o olhar pastoral do Papa Francisco atribui à pobreza e aos pobres um lugar central nas suas preocupações. Poderá dizer-se que a escolha do nome, no encalço de Francisco de Assis, já o indiciava. Todavia, sobretudo para quem não conhecesse o seu passado de Bispo, era difícil antever a forma que aquela preocupação viria a ter no exercício da missão de Papa. O que mais importa notar é, no entanto, que o Papa não fala dos pobres na perspetiva de um ativista social ou político, mas como alguém que encontra no tema uma dimensão essencial da mensagem cristã. Por outras palavras, a novidade não está apenas no modo de ver os pobres e a pobreza, mas também no seu entendimento da mensagem cristã. Interessa-nos aqui a abordagem do assunto na sua recente mensagem para a quaresma deste ano de 2014.
A reflexão do Papa Francisco, cuja leitura e meditação recomendamos vivamente, parte da passagem em que o Apóstolo Paulo recorda aos cristãos de Corinto que Jesus Cristo, “sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza”. Com esse texto, Paulo visava encorajar os coríntios a serem generosos com os cristãos de Jerusalém que passavam necessidade. Neste sentido, era um “convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico”.
O que nos diz a nós, cristãos de hoje, esse convite? pergunta o Papa.
2. A propósito da crise que atravessamos e do que deveria ser diferente após a crise, tem-se realçado a necessidade de um estilo de vida diferente: mais sóbrio, liberto dos vícios em parte responsáveis pela crise, tais como o individualismo, a cultura do «consumismo» e do «descartável», a idolatria do dinheiro e do poder. Na mensagem quaresmal, a mudança do estilo de vida sugerida por critérios humanos e económicos adquire um significado muito mais profundo. Inspira-se no “estilo de Deus”, designadamente no facto de o Filho se ter despojado do poder e da glória, para se tornar em tudo semelhante a nós. A finalidade de Jesus Se fazer pobre, nota o Papa, não foi a pobreza em si mesma, mas a salvação da humanidade. Com efeito, “Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo!” Para os cristãos, portanto, a adoção de um novo estilo de vida, marcado pela pobreza evangélica, aparece como uma exigência dafé, independentemente de a sociedade portuguesa e, em certa medida o mundo, estarem a atravessar uma crise. O Papa refere-se à Igreja como “um povo de pobres”. (
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