Elie Wiesel: O anunciador do “Shalom” que manteve acesa a memória
«Nunca me esquecerei daqueles momentos que assassinaram meu Deus e a minha alma e os meus sonhos, que tomaram o rosto do deserto. Nunca esquecerei tudo isso, mesmo que eu fosse condenado a viver tanto tempo quanto o próprio Deus. Nunca.»
É a recordação da Shoah de um sobrevivente, o historiador e escritor Eliezer Wiesel, que morreu este sábado na sua casa de Manhattan, em Nova Iorque. Nasceu em 1928 na atual Roménia, em Sighetu Marma, e foi até ao fim um ponto de referência moral e cultural para o povo judaico.
Tinha 15 anos quando foi deportado, juntamente com sua família, para o campo de concentração de Auschwitz, na Polónia, onde morreram a mãe e a irmã mais nova. Posteriormente, esteve no campo de Buchenwald, no leste da Alemanha, onde morreu o pai. Para a loucura nazi, Wiesel não era mais do que uma “stück”, uma peça.
Escreveu perto de seis dezenas de livros, entre os quais se destaca a obra-prima “Noite”, em que narra a sua experiência pessoal de prisioneiro nos campos de concentração. «Quem nunca viveu a morte lá em baixo, nunca compreenderá o que nós, os sobreviventes, sofremos de manhã à noite sob um céu mudo.»
[...]
A sua obsessão era o do esquecimento da memória, e por isso apelava a não se voltar a cair no erro do silêncio das vítimas da Shoah que tinha conhecido no fim da guerra. «Não podemos poupar memórias de dor aos nossos filhos». O trabalho cultural mais importante que realizou foi evitar que as pessoas não compreendessem e não soubessem.
A força da memória contra a regurgitação dos totalitarismos e de um antissemitismo de que tomou o pulso em todo o mundo de que, até ao fim, tomou o pulso em todo o mundo, viajando para conferências e apresentações de livros.
Em cada encontro com os poderosos, exortava a combater com a força da diplomacia. «O antissemitismo poderia ter existido sem a Shoah, mas não teria havido a Shoah sem o antissemitismo». (Mais ...)
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Etiquetas: CULTURA DA PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA, ESPIRITUALIDADE E TEOLOGIA DA PAZ