8 de junho: «Invocação pela paz» na Terra Santa - Uma oração à espera de um milagre na Terra Santa
Uma oração à espera de um milagre na Terra Santa
O Papa Francisco renova a influência política do Vaticano no Médio Oriente ao juntar, num jardim da Santa Sé, os presidentes de Israel e da Palestina.
texto de Margarida Santos Lopes*
Dois ateus – o judeu Shimon Peres e o muçulmano Mahmoud Abbas – vão encontrar-se, neste domingo, com o chefe da Igreja Católica Romana, Papa Francisco, numa oração colectiva. Não é uma tentativa de mediação do conflito israelo-palestiniano, garantiu o porta-voz da Santa Sé, mas todos os analistas reconhecem o peso político desta prece no Domingo de Pentecostes.
O convite para a reunião inter-religiosa (que incluirá também a presença do patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, e de líderes espirituais da comunidade drusa) foi endereçado aos dois presidentes durante a primeira, e histórica, visita do Papa à Terra Santa, de 24 a 26 de Maio. Francisco voltou a surpreender e marcar a diferença ao começar a viagem, de carácter oficial, no Reino da Jordânia, de onde partiu, de helicóptero, para Belém, na Cisjordânia ocupada.
As duas anteriores visitas papais começaram em Telavive; por isso, este gesto simbólico de dar a primazia a Mahmoud Abbas não passou despercebido. “O facto de ele ter vindo da Jordânia directamente para Belém, sem passar por Israel, foi um reconhecimento tácito do Estado da Palestina”, disse ao diário The Guardian a cristã Hanan Ashrawi, influente figura política palestiniana.
“Estado da Palestina” foi, aliás, uma expressão que o sucessor de Bento XVI usou, por diversas vezes, não apenas em Belém, cidade-berço do cristianismo, onde foi acolhido por milhares de fiéis, vindos de vários países do Médio Oriente, mas também durante a sua passagem por território israelita. Esta incluiu igualmente paragens emblemáticas: o memorial às vítimas de terrorismo no Monte Herzl (o “pai” do sionismo) e o Museu do Holocausto de Yad Vashem.
“Queremos justiça”
A simpatia que o Papa demonstrou para com os palestinianos não foi ignorada pelo lado israelita, que tentou retirar qualquer carga política aos seus gestos. Um dos mais extraordinários foi uma paragem espontânea junto ao que uns chamam de “barreira de separação” e outros condenam como “muro do apartheid”. (Mais ...)
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Etiquetas: CULTURA DA PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA, MÉDIO ORIENTE
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