a OBSERVATÓRIO DA PAX: Oscar Romero, modelo profeta para hoje: Entrevista de D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador do arcebispo salvadorenho, Agência ECCLESIA

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Oscar Romero, modelo profeta para hoje: Entrevista de D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador do arcebispo salvadorenho, Agência ECCLESIA

D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador do arcebispo salvadorenho, veio a Portugal, a convite dos Missionários da Consolata, para falar sobre pensamento e espiritualidade do homem de Igreja assassinado há 33 anos

Agência ECCLESIA – Como conheceu D. Oscar Romero?
D. Gregorio RosaEle era um sacerdote, quando eu o conheci – ele tinha 40 anos e eu tinha 15 anos, quando começava os meus estudos no seminário menor. Depois trabalhei com ele um ano inteiro no seminário menor de San Miguel, como seu assistente, em 1968, e tornamo-nos amigos. No seu diário, o meu nome aparece muitas vezes, porque éramos muito próximos. Aparece sobretudo quando Romero era arcebispo e tinha de preparar relatórios para Roma, a fim de explicar-se e defender-se de ataques injustos que chegavam contra ele. Isso aparece no diário, era uma experiência de amizade muito profunda e uma graça para mim, muito especial.

AE – O percurso de vida de D. Oscar Romero ficou marcado por incompreensões, dúvidas. Pensa que ainda hoje há gente na Igreja e não só que não entendeu esta figura?
GR – Eu também sou jornalista e preparei com ele muitas vezes um programa de rádio, de 30 minutos, que era transmitido todas as semanas. Fazia questões muito provocadoras a Romero e uma vez perguntei-lhe: você transformou-se, monsenhor? Ele respondeu-me que não diria que era uma transformação, mas uma evolução. Esta mesma ideia aparece num documentário da televisão suíça em 1979, um ano antes de morrer. Perguntam-lhe a mesma coisa e ele diz com mais pormenor como, quando era bispo no interior do país (Tambeae, ndr), via as coisas de uma forma e quando chegou a arcebispo e está na capital, descobre de forma brutal o que é a violência estrutural, o que chama de injustiça institucionalizada. E descobre que tem uma vocação, a de acompanhar o povo que está esmagado pela violência, pela repressão, pelos esquadrões da morte, e ser voz dos que não têm voz. Romero vai evoluindo para uma missão profética – os profetas nunca são compreendidos -, ele nas suas homilias fala muito do tema do profeta e compara a missão de Jesus com a missão dos profetas. Ele foi um profeta e por isso foi incompreendido, perseguido, foi assassinado: é muito fácil perceber, a partir daí, o que foi a missão de Romero, o que foi a sua opção, a sua vida, também o seu martírio, um profeta fiel à sua missão, porque foi acima de tudo um discípulo de Jesus Cristo. (Mais...)

Agência ECCLESIA

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