a OBSERVATÓRIO DA PAX: novembro 2016

sábado, 26 de novembro de 2016

ADVENTO 2016: 1ª SEMANA DO ADVENTO

1. Ambientação

Ali afluirão todas as nações, e muitos povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos, e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há-de vir a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.»

Isaías 2,3


2. Reflexão

Cada cristão sente-se chamado a partilhar a tribulação e apuro do outro, no qual o próprio Deus Se esconde. Mas a abertura às necessidades do irmão implica um acolhimento sincero, que só é possível numa disposição pessoal de pobreza em espírito. De facto, não existe só pobreza de sinal negativo. Há também uma pobreza que é abençoada por Deus. A esta, o Evangelho chama-a «bem-aventurada» (Mt 5,3). Graças a ela, o cristão reconhece que a sua salvação vem exclusivamente de Deus, e torna-se disponível para acolher e servir o irmão, considerando-o «superior a si mesmo» (cf. Fil 2,3). […]
Este clima de acolhimento torna-se tanto mais necessário por assistirmos, no nosso tempo, a diversas formas de rejeição do outro. Manifestam-se de maneira grave no problema dos milhões de refugiados e exilados, no fenómeno da intolerância racial mesmo para com pessoas cuja única «culpa» é a de procurar trabalho e melhores condições de vida fora da sua pátria, no medo de tudo o que é diverso e por isso visto como ameaça. A Palavra do Senhor adquire, assim, nova actualidade frente às necessidades de tantas pessoas que pedem uma casa, que lutam por um emprego, que reclamam educação para os seus filhos. O acolhimento que lhes é devido permanece um desafio para a comunidade cristã, que não pode deixar de sentir-se empenhada em fazer com que cada homem possa encontrar condições de vida condizentes com a sua dignidade de filho de Deus.



3. Gesto de Paz

Acende-se a PRIMEIRA VELA da Coroa do Advento.

Ao acendermos a primeira vela da Coroa do Advento, comprometo-me a estar mais atento a todos os que me rodeiam e a procurar mais informação sobre todos aqueles que procuram abrigo e acolhimento no meu país e na minha cidade.


4. Oração

1. Deus de misericórdia, envia o teu Espírito de fortaleza sobre os refugiados, as pessoas perseguidas, os migrantes, as crianças órfãs e desaparecidas:

Todos: Dá-lhes coragem e esperança.

1. Nós Te pedimos também por todas as pessoas e organizações que os acompanham e apoiam:

Todos: Que o seu trabalho sensibilize os políticos e a opinião pública para que o mundo seja mais justo e fraterno, um mundo sem guerras nem disputas, um mundo de paz e de amor.


5. Bênção

1. Que Deus, de quem vêm a paciência e a coragem, nos conceda har-monia de sentimentos uns para com os outros, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, para que todos em conjunto e a uma só voz glorifiquemos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

Todos: Ámen.


In: Era estrangeiro e acolhestes-me? (cf. Mt 25,35ss). Contributos para a celebração do Advento 2016. Esta brochura está disponível online aqui.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Pax Christi International signs onto joint statement calling for greater protection of refugee, migrant children

This past weekend was Universal Children's Day, 20 November. Pax Christi International joined with several other non-governmental organisations in issuing a joint statement encouraging greater protection for migrant and refugee children.

The statement begins:

On the occasion of Universal Children's Day on November 20th, we echo Pope Francis’ appeal “to adopt every possible measure to guarantee the protection and safety of child migrants.” In this time of epic human displacement, “children constitute the most vulnerable group, because as they face the life ahead of them, they are invisible and voiceless”.

According to a recent report by the UN Children’s Fund (UNICEF), one in every 200 children in the world is growing up as a refugee. Of the world’s 31 million children living outside their countries of birth, 11 million are forcibly displaced...

Click on the following language links to see the statement in English, In Spanish, in French, and in Italian.

Pax Christi International

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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ADVENTO 2016: Era estrangeiro e acolhestes-me? (cf. Mt 25,35ss). Contributos para a celebração do Advento 2016

Em 2015, segundo dados das Nações Unidas, em todo o mundo:
- O número de migrantes internacionais (pessoas que vivem num país diferente do de origem) atingiu os 244 milhões, um aumento de 71 milhões ou 41% em comparação com 2000 (Tendências do Stock Internacional de Migrantes: Revisão 2015);
- 65,3 milhões de pessoas estavam deslocadas devido a perseguição, conflito, violência generalizada ou violação dos direitos humanos, das quais 21,3 milhões eram refugiados num país estrangeiro, 40,8 milhões deslocados internos e 3,2 milhões à procura de asilo (Tendências Globais 2015);
- O número de refugiados atingiu o seu nível mais alto desde a Segunda Guerra Mundial.

A dimensão desta tragédia humanitária, que não pode deixar ninguém indiferente, mas a tod@s deve interpelar, tem sido uma das principais preocupações do pontificado do Papa Francisco, o qual não se tem cansado de, repetidamente, a denunciar não só com palavras mas também com gestos concretos, e apelar ao compromisso, urgente, de todos neste âmbito, mas dos cristãos principalmente. E este «[é] um compromisso que envolve todos, sem exclusão. As dioceses, as paróquias, os institutos de vida consagrada, as associações e os movimentos, assim como cada cristão, todos são chamados a acolher os irmãos e as irmãs que fogem da guerra, da fome, da violência e das condições de vida desumanas. Todos juntos somos uma grande força de apoio para quantos perderam pátria, família, trabalho e dignidade», como exortou ao comentar as palavras de Jesus: «Era estrangeiro e acolhestes-me; estava nu e vestistes-me» (Mt 25,35-36), na Audiência Geral do passado dia 26 de Outubro.

É, pois, neste espírito, que a Pax Christi Portugal propõe este itinerário para o Advento de 2016, com contributos para a sua celebração e vivência seja na paróquia, em família ou em grupo, tendo como ideia central a temática da Paz.

Neste tempo litúrgico em que, em expectativa vigilante e laboriosa, alimentada pela oração e pelo compromisso efectivo do amor feito serviço, nos preparamos para acolher o «Príncipe da Paz» que vem ao nosso encontro, o qual com a sua família «no doloroso caminho do exílio, em busca de refúgio no Egipto [,…] experiment[ou] a condição dramática dos prófugos, marcada por medo, incerteza e dificuldades (Cf. Mt 2,13-15.19-23)» (PAPA FRANCISCO - Angelus. Domingo, 29 de Dezembro de 2013), saibamos redescobrir o dom da hospitalidade, «um profundo valor evangélico, que alimenta o amor e é a nossa maior segurança contra as odiosas ações de terrorismo» (PAPA FRANCISCO - Discurso aos participantes na Conferência promovida pela Confederação Europeia e a União Mundial dos Ex-Alunos e Alunas dos Jesuítas), acolhendo como nossos irmãos e irmãs tod@s @s que se viram forçad@s a abandonar os seus países de origem, devido à crise económica, aos conflitos armados e às mudanças climáticas.

Porque outro mundo é possível se há hospitalidade, assumamos, neste Advento 2016, o compromisso de criarmos uma cultura da hospitalidade, de modo a que esta seja «direito de todos e dever para todos» (LEONARDO BOFF - A hospitalidade: direito de todos e dever para todos). Como bem afirma Leonardo Boff: «Todos têm o dever de hospedar e o direito de ser hospedado porque vivemos na mesma Casa Comum» (Ibidem).

Novembro de 2016.


Era estrangeiro e acolhestes-me? (cf. Mt 25,35ss). Contributos para a celebração do Advento 2016 está disponível para impressão aqui.

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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Declaração da JUPAX Europa: "Criando um refúgio seguro para todos: Refugiados e dignidade humana"

CRIANDO UM REFÚGIO SEGURO PARA TODOS:
REFUGIADOS E DIGNIDADE HUMANA


A Europa está numa encruzilhada: Será que vai demonstrar uma liderança baseada no seu compromisso com os valores dos direitos humanos e da solidariedade, ou vai optar por excluir os refugiados do acesso a uma vida digna e segura, dando lugar a agendas nacionalistas e populistas? A Conferência das Comissões Justiça e Paz europeias (“Justice and Peace Europe”) convida as instituições europeias, os Estados-Membros da UE e outros países europeus a assumirem a responsabilidade de conceder aos refugiados o acesso ao asilo e a um padrão de vida digno.

A Justiça e Paz Europa tem sérias preocupações quanto ao atual debate público e a algumas decisões tomadas nos países europeus e pelas instituições europeias sobre a questão dos refugiados. A chegada dos refugiados é utilizada por vários partidos políticos para alimentar outras agendas políticas em muitas partes da Europa, isto é, campanhas anti-UE e xenófobas. Isso resulta de um debate fortemente polarizado, lançando suspeitas sobre os refugiados e criando uma divisão nas nossas comunidades. Dentro desta retórica, a humanidade dos refugiados, assim como a nossa própria humanidade, é cada vez mais esquecida.

Os ataques terroristas na Europa têm sido relacionados com a chegada de refugiados. Existe o receio de que o extremismo e o radicalismo dos países de origem sejam trazidos para a Europa. Os desafios de segurança na Europa são reais e aumentarão se houver mais ataques terroristas na Europa. No entanto, equiparar refugiados a terroristas só vai de encontro à agenda terrorista de ódio e desilusão. O extremismo e a radicalização existentes nos seus próprios países são, na verdade, os motivos para os refugiados fugirem das suas casas. Eles merecem o nosso apoio. A proteção das liberdades fundamentais e da segurança física tanto dos cidadãos europeus, como dos refugiados, são, portanto, duas faces da mesma moeda.

Para a Justiça e Paz Europa é fundamental expressar os valores fundamentais dos direitos humanos, solidariedade e hospitalidade. No que diz respeito aos refugiados, o trabalho da Justiça e Paz Europa baseia-se em três princípios fundamentais: a centralidade da pessoa humana, a solidariedade e a hospitalidade. Primeiro, cada e todo o ser humano tem um direito inalienável de ser respeitado na sua vida, dignidade e vida social. Em segundo lugar, cada pessoa humana faz parte de uma mesma família humana, independentemente da nacionalidade, origem cultural ou tradição religiosa. Esta interdependência exige uma solidariedade concreta entre povos e Estados. Em terceiro lugar, a hospitalidade liga a centralidade da pessoa ao princípio da solidariedade. Uma comunidade hospitaleira e acolhedora serve o desenvolvimento integral de cada pessoa e da comunidade como um todo. Esses princípios estão estreitamente interligados com os instrumentos dos direitos humanos internacionais nos quais se enfatiza o valor único de cada ser humano. Os refugiados dependem da solidariedade e da hospitalidade de outras comunidades para lhes assegurar os seus direitos humanos como pessoas únicas.

Refletindo sobre a situação humanitária dos refugiados em todo o mundo, a Justiça e Paz Europa defende uma abordagem integral, tanto na análise como na ação. A violência e a guerra persistentes, a desigualdade global, a opressão política e as violações dos direitos humanos e os efeitos negativos das alterações climáticas são apenas algumas das causas profundas dos que têm de fugir de casa em busca de segurança e dignidade humana. Enfrentar estas causas fundamentais exige investir numa economia mundial sustentável, no comércio e na solidariedade global com os direitos humanos fundamentais e a igualdade social no seu núcleo.

No entanto, em vez de abordar a situação sob a perspetiva dos direitos humanos, muitos políticos e cidadãos comuns na Europa tendem a ver os refugiados como uma ameaça à comunidade europeia e à sua segurança. Esta linha de pensamento negligencia principalmente parte da própria experiência histórica da Europa no que respeita à migração (forçada) e renuncia aos exemplos de migração que são um motor para novas ideias e oportunidades. Tratar os refugiados como uma ameaça pode ter consequências práticas graves para a Europa enquanto ator normativo: as decisões políticas violarão os direitos humanos dos refugiados, sobretudo o direito à vida, o direito de requerer asilo e o princípio da não repulsão (non refoulement). Em alguns casos, em vez de resolver ainda piorará a crise humanitária de muitos refugiados que se encontram na Jordânia, na Turquia, na Líbia e em países europeus como a Grécia.

A Justiça e Paz Europa defende uma mudança na abordagem do processo de receção, do pedido de asilo e integração dos refugiados. A Justiça e Paz Europa quer dar prioridade aos direitos humanos como parte de uma resposta inclusiva, em combinação com medidas de segurança adequadas, o que significa reavaliar o equilíbrio entre liberdade e segurança. Isto exige que os países e instituições europeias promovam uma visão e uma definição partilhadas dos valores fundamentais dos direitos humanos e se re-identifiquem com os seus princípios de solidariedade, dignidade humana e diversidade.

Convidamos todas as instituições europeias, os Estados-Membros da UE e outros países europeus a:

Abordar a questão dos refugiados a partir de uma análise holística: reduzir os "fatores de impulso" para os refugiados. Por outras palavras, abordar as causas profundas da violência e das violações dos direitos humanos, implementando, entre outras, políticas económicas, de desenvolvimento, comerciais, de relaões externas e de segurança, enraizadas nos direitos humanos (sociais) e na justiça social. Isso traz consigo obrigações positivas e negativas. Por um lado, por exemplo, significa abster-se de negociar com países com registos de direitos humanos questionáveis com o mero propósito de impedir que os refugiados cheguem à Europa. Por outro lado, exige que a Europa se mostre solidária com os países que já acolhem um número relativamente elevado de refugiados.

Abrir possibilidades de passagem segura para a Europa: salvar vidas e diminuir o sofrimento humano investindo em meios legais para viajar para a Europa, para que as pessoas possam exercer o seu direito de pedir asilo. Os esforços de reinstalação e o alargamento da reunificação familiar, vistos humanitários e opções de visto de trabalho / estudante devem ser intensificados. Verificamos que a ligação entre a passagem segura e os acordos de readmissão com países terceiros é preocupante, pois impede o direito dos refugiados de aceder ao asilo de forma segura.

Criar um sistema europeu de asilo que incorpore a solidariedade entre os países europeus: para estabelecer apenas uma repartição dos encargos, o Regulamento de Dublin deve ser alargado de modo a incluir um sistema de deslocalização automática. Simultaneamente, o que é necessário é uma simplificação das suas regras e uma adesão mais rigorosa a estas, a fim de fazer o sistema funcionar a um nível prático. Uma maior harmonização dos processos de asilo deve ter como prioridade os direitos humanos dos refugiados, uma vez que a ambiguidade e a desigualdade de oportunidades em toda a Europa geram problemas tanto para os países de origem dos refugiados, como para os europeus. Este processo de harmonização tem de ser coerente com os princípios fundadores da União Europeia e as suas liberdades fundamentais.

Investir na solidariedade local em vez de alimentar a polarização: os políticos europeus devem tomar como exemplo as pessoas que se reuniram em toda a Europa para organizar uma vasta gama de iniciativas de solidariedade para e com os refugiados. Isto não significa que essas pessoas não tenham medo e preocupações, mas elas optam por trabalhar a partir dos princípios dos direitos humanos e da solidariedade, os quais são ambos eficazes e inspiradores.

As fronteiras e as ameaças à segurança dominam o pensamento de muitas pessoas. Coletivamente, muitas vezes deixamos de ver a humanidade nos outros, e falhamos nas nossas responsabilidades para com eles. Os refugiados estão a cruzar fronteiras em busca de segurança, mas todos nós precisamos de cruzar fronteiras se quisermos construir um refúgio seguro onde cada pessoa possa realizar-se.


A Conferência das Comissões Justiça e Paz Europeias (Justiça e Paz Europa) é a aliança de 31 Comissões Justiça e Paz na Europa, trabalhando para a promoção da justiça, da paz, do respeito pela dignidade humana e do cuidado da criação. Justiça e Paz Europa contribui para a consciencialização da doutrina social católica nas sociedades europeias e nas instituições europeias. O seu Secretariado-Geral tem sede em Bruxelas.

CNJP

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Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2016 | AIS

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) disponibilizou a 13ª edição do relatório Liberdade Religiosa no Mundo que avalia a situação da liberdade religiosa em 196 países. O período de análise do relatório é entre Junho de 2014 e Junho de 2016 e baseia-se em pesquisas de jornalistas, académicos e clérigos. O levantamento alerta para o impacto global de um novo fenómeno de violência religiosa, denominada "hiperextremismo" e tem como objetivo alertar para esta tentativa generalizada de substituir o pluralismo por uma monocultura religiosa.




1. Este relatório da Liberdade Religiosa no Mundo conclui que, no período em análise, a liberdade religiosa diminuiu em onze – quase metade – dos vinte e três países com as piores violações.
Nos outros sete países desta categoria, os problemas já eram tão grandes que dificilmente poderiam ficar piores. A nossa análise também revela que, dos trinta e oito países com violações mais significativas da liberdade religiosa, 55% permaneceram estáveis em relação à liberdade religiosa e, em 8%, nomeadamente no Butão, no Egito e no Catar, a situação melhorou.

2. O relatório demonstra que é errada a visão popular de que os governos são sobretudo os culpados da perseguição religiosa. Os atores não estatais (ou seja, organizações fundamentalistas ou militantes) são responsáveis pela perseguição religiosa em doze dos vinte e três países com as piores violações.

3. O período em análise viu surgir um novo fenómeno de violência com motivação religiosa, que pode ser descrita como hiperextremismo islamita, um processo de radicalização intensificada, sem precedentes na sua expressão violenta. As suas características são:
a) Crença extremista e um sistema radical de lei e governo;
b) Tentativas sistemáticas de aniquilar ou afastar todos os grupos que não concordem com a sua perspectiva, incluindo correlegionários: moderados e aqueles com diferentes tradições;
c) Tratamento cruel das vítimas;
d) Uso das redes sociais mais recentes, principalmente para recrutar seguidores e intimidar os opositores através da exibição de violência extrema;
e) Impacto global, tornado possível através de grupos extremistas filiados e de redes de apoio com bons recursos.

Este novo fenómeno tem tido um impacto contaminante na liberdade religiosa em todo o mundo:
a) Desde meados de 2014, ocorreram ataques islamitas violentos em um de cada cinco países do mundo, desde a Suécia à Austrália, incluindo dezassete países africanos;
b) Em alguns países do Oriente Médio, incluindo a Síria e o Iraque, este hiperextremismo está eliminando todas as formas de diversidade religiosa e está ameaçando fazê-lo igualmente em países da África e do subcontinente asiático. A intenção é substituir o pluralismo por uma monocultura religiosa;
c) O extremismo e o hiper-extremismo islamita, observados em países que incluem o Afeganistão, a Somália e a Síria, tem sido um fator-chave na repentina explosão de refugiados que, de acordo com os números das Nações Unidas para o ano de 2015, aumentou 5,8 milhões, chegando a um novo número máximo de 65,3 milhões;
d) Na Ásia Central, a violência hiperextremista está sendo usada pelos regimes autoritários como pretexto para uma repressão desproporcionada das minorias religiosas, cerceando liberdades civis de todos os tipos, incluindo a liberdade religiosa;
e) No Ocidente, este hiper-extremismo está em risco de desestabilizar o tecido sócio-religioso, com países esporadicamente alvos de fanáticos e sob pressão para receberem números sem precedentes de refugiados, maioritariamente de uma fé diferente das comunidades nativas. Claros efeitos em cascata incluem o aumento de grupos populistas e de direita; restrições ao livre movimento; discriminação e violência contra religiões minoritárias; e um declínio da coesão social, inclusive nas escolas públicas.

4. Houve um aumento nos ataques anti-semitas, nomeadamente em países da Europa.

5. Os grupos islâmicos tradicionais estão agora começando a lutar contra o fenómeno do hiperextremismo por meio de posições públicas e outras iniciativas, através das quais condenam a violência e os que estão por trás dela.

6. Em países como a Índia, Paquistão e Mianmar, onde uma religião específica é identificada com o estado-nação, foram dados passos para defender os direitos dessa religião, por oposição aos direitos dos fiéis individuais. Isto resultou em restrições mais rigorosas à liberdade religiosa de minorias religiosas, aumentando os obstáculos à conversão e impondo maiores sanções para a blasfémia.

7. Nos países com as piores violações, incluindo a Coreia do Norte e a Eritreia, a contínua penalização da expressão religiosa representa a negação total dos direitos e liberdades, por exemplo através do encarceramento de longa duração sem julgamento justo, da violação e do assassinato.

8. Houve uma repressão renovada dos grupos religiosos que se recusam a seguir a linha do partido nos regimes autoritários, como a China e o Turcomenistão. Por exemplo, mais de 2.000 igrejas viram as suas cruzes demolidas em Zhejiang e nas províncias vizinhas.

9. Ao definir um novo fenómeno de hiper-extremismo islamita, o relatório corrobora as alegações generalizadas de que, ao atacar cristãos, yazidis, mandeanos e outras minorias, o grupo Estado Islâmico (EI) e outros grupos fundamentalistas estão infringindo a Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.

LIBERDADE RELIGIOSA NO MUNDO. SUMÁRIO EXECUTIVO 2016


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sábado, 5 de novembro de 2016

Solidariedade para com os países que acolhem refugiados - Apelo do Papa Francisco


Para que os países que acolhem um grande número de deslocados e refugiados sejam apoiados no seu empenho de solidariedade.

Papa Francisco - Novembro 2016


Vídeo do Papa

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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Pax Christi International honors those working for human rights in Pakistan with 2016 Peace Award

Pax Christi International is excited to recognize the Catholic Commission for Justice and Peace of Pakistan and the Human Rights Commission of Pakistan with the 2016 Pax Christi International Peace Award. These two organisations were chosen as representatives of the nonviolent struggle of the human rights community in Pakistan. In a country where arbitrary detention, torture, deaths occurring while in custody, forced disappearances, institutional injustices against religious minorities, and extrajudicial execution are frequently reported, Pax Christi International honors the clear and courageous stand taken by practitioners of justice and peace against persistent patterns of violence and human rights violations. The two organisations will be honoured at a ceremony in Geneva at the World Council of Churches’ Chapel on 17 November 2016.

In her letter to the two organisations announcing this year’s choice, Greet Vanaerschot, Secretary General of Pax Christi International wrote, “Your tenacious work, performed in very difficult circumstances and at great personal risk, offers a sign of hope, courage and healing to those in your country who are facing tremendous suffering, violence and trauma in their daily lives.”


The Human Right Commission of Pakistan (HRCP) plays a lead role in providing a highly informed and objective voice in the struggle for the provision of human rights for all and democratic development in Pakistan. They monitor human rights violations and seek redress through public campaigns, lobbying and intervention in the courts, while also organizing seminars, workshops and fact-finding missions. The Catholic Commission for Justice and Peace, formed by the Pakistan Catholic Bishops’ Conference, provides services in the field of human rights with special focus on issues of the religious minorities in Pakistan. Through its 8 offices across the country, CCJP runs peace programs while also campaigning for an unbiased education system in order to counter religious intolerance in society.

Established in 1988, the Pax Christi International Peace Award is funded by the Cardinal Bernardus Alfrink Peace Fund and honours contemporary individuals and organisations who make a stand for peace, justice and nonviolence in different parts of the world.

Brussels, 3 November 2016

Pax Christi International

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terça-feira, 1 de novembro de 2016

Together for dignity and justice: Declaration of Intent between ‘Caritas Internationalis’ and the Lutheran World Federation – World Service | L'Osservatore Romano

On occasion of the common commemoration of the Reformation, ‘Caritas Internationalis’ and the Lutheran World Federation – World Service have signed a Declaration of Intent with the aim of strengthening cooperation and commitment to the promotion of human dignity and social justice.


“Together in Hope”
Declaration of Intent between
Caritas Internationalis and The Lutheran World Federation – World Service


1. Preamble

Caritas Internationalis, created in 1951, is the social and justice arm of the Catholic Church. It is at the same time a confederation of 165 national organisations present in 200 countries and territories and a central entity of the Holy See. Serve, accompany and defend the poor: its mission is to promote a civilization of love, based on the social and other teachings of the Church and is developed around five central strategic orientations that are: Caritas at the heart of the Church; save lives and rebuild communities; promote sustainable integral human development; build global solidarity; make the Caritas Confederation more effective.

In its first orientation, an objective is to contribute to and promote a culture of partnership and ecumenical and interreligious cooperation.

The LWF has engaged with diakonia and service since its founding in 1947. World Service, the diaconal arm of the LWF, focuses especially on the needs of refugees and internally displaced people in humanitarian assistance, development aid and advocacy. The LWF is committed to working with other Christian World communions and faith-based organisations (FBOs) for broader reach and wider impact, aiming to empower and enable local populations through rights-based approaches.

Caritas Internationalis and the LWF World Service have worked together on several occasions during the past decades in many countries and regions addressing the root causes of poverty and humanitarian crises. Caritas member organisations have also cooperated with the LWF World Service.

On the occasion of the commemoration of the 500 years of the Reformation, the Lutheran World Federation and the Catholic Church have taken further steps towards reconciliation and moved forward in the field of joint service to express and strengthen their commitment to the quest for unity. This is expressed in the Lutheran-Catholic study document “From Conflict to Communion”, in which the 5 th ecumenical imperative calls for joint diaconal action. It says:

“Catholics and Lutherans should witness together to the mercy of God in proclamation and service to the world”. § 243 reads: “Ecumenical engagement for the unity of the Church does not serve only the Church but also the world so that the world may believe”.

The international community is also calling especially upon FBOs to engage actively in realizing the Sustainable Development Goals agenda, working towards the eradication of extreme poverty in a generation. In the Catholic world, there are various spaces of collective engagement (among which the Forum of Catholic Organisations) and in the broader Christian world, there is ACT Alliance, of which the LWF is a member and with which Caritas Internationalis has been linked for many years.

We believe that faith communities and the organisations with which they engage are uniquely placed to fight extreme poverty in all its dimensions. Not only because these communities are present around the world, but also because when trained, organised and accompanied, they are the best responders to disasters, the best promoters of integral sustainable human development, and the best advocates for their lives. What animates us is our faith and, in a secularized world, this makes a huge difference: courage, commitment, perseverance, taking risks, the belief that God is with us to confront evil and rebuild lives.

As two global Christian organisations working for human dignity and social justice, we decide to join hands. To bring hope. To witness and act together, without being exclusive. And to invite our members to engage with their counterparts and friends locally.

2. Purpose

The overall purpose of this Declaration of Intent is to consolidate and develop a mutually inspiring relationship beneficial to the people we serve, accompany and defend, based on shared values and vision regarding how our organisations can work together in the world today.

Caritas Internationalis and the LWF World Service will seek to expand and deepen their relationships and joint work at all levels. We will:

- look for opportunities

- commit to cooperate where appropriate

- engage in regular strategic discussions

- share learnings, challenges and opportunities

- ensure that members, staff and volunteers understand the Declaration of Intent and look to work together in harmony and collaboration

3. Areas for cooperation

The LWF World Service and Caritas Internationalis will work together in the following fields at global level:

- Refugees, internally displaced people and migrants

- Peace building and reconciliation

- Humanitarian preparedness and response

- Implementation of Sustainable Development Goals

- Interfaith action and programming

4. Concrete application mechanisms

Caritas Internationalis and the LWF World Service will:

- Engage in regular strategic discussions on issues agreed upon, with specific experts on board

- Engage in common programs whenever possible

- Invite our membership to cooperate and engage in joint programming at national/diocesan/local levels, in consultation with respective member organizations in donor countries when applicable, in those fields referred to above and more as identified locally, including capacity building, interfaith action, reinforcing local civil society.

- Meet annually to appreciate the work done and plan ahead.

- Communicate what we have achieved

Signed on the occasion of the Joint Ecumenical Commemoration of the Reformation,
In Lund, Sweden,
On 31 October 2016

For Caritas Internationalis
Michel Roy, Secretary General

For LWF World Service
Maria Immonen, Director

L'Osservatore Romano

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Declaração conjunta por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma

Durante a celebração da Oração Ecuménica Comum, na Catedral Luterana de Lund, o Papa Francisco e o Bispo Munib Yunan, Presidente da LWF (Lutheran World Federation) assinaram uma Declaração conjunta.




DECLARAÇÃO CONJUNTA
por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma
Lund, 31 de outubro de 2016

«Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim» (Jo 15, 4).

Com coração agradecido

Com esta Declaração Conjunta, expressamos jubilosa gratidão a Deus por este momento de oração comum na Catedral de Lund, com que iniciamos o ano comemorativo do quinto centenário da Reforma. Cinquenta anos de constante e frutuoso diálogo ecuménico entre católicos e luteranos ajudaram-nos a superar muitas diferenças e aprofundaram a compreensão e confiança entre nós. Ao mesmo tempo, aproximamo-nos uns dos outros através do serviço comum ao próximo – muitas vezes em situações de sofrimento e de perseguição. Graças ao diálogo e testemunho compartilhado, já não somos desconhecidos; antes, aprendemos que aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa.

Do conflito à comunhão

Ao mesmo tempo que estamos profundamente gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma, também confessamos e lamentamos diante de Cristo que luteranos e católicos tenham ferido a unidade visível da Igreja. Diferenças teológicas foram acompanhadas por preconceitos e conflitos, e instrumentalizou-se a religião para fins políticos. A nossa fé comum em Jesus Cristo e o nosso Batismo exigem de nós uma conversão diária, graças à qual repelimos as divergências e conflitos históricos que dificultam o ministério da reconciliação. Enquanto o passado não se pode modificar, aquilo que se recorda e o modo como se recorda podem ser transformados. Rezamos pela cura das nossas feridas e das lembranças que turvam a nossa visão uns dos outros. Rejeitamos categoricamente todo o ódio e violência, passados e presentes, especialmente os implementados em nome da religião. Hoje, escutamos o mandamento de Deus para se pôr de parte todo o conflito. Reconhecemos que fomos libertos pela graça para nos dirigirmos para a comunhão a que Deus nos chama sem cessar.

O nosso compromisso em prol dum testemunho comum

Enquanto superamos os episódios da nossa história que gravam sobre nós, comprometemo-nos a testemunhar juntos a graça misericordiosa de Deus, que se tornou visível em Cristo crucificado e ressuscitado. Cientes de que o modo como nos relacionamos entre nós incide sobre o nosso testemunho do Evangelho, comprometemo-nos a crescer ainda mais na comunhão radicada no Batismo, procurando remover os obstáculos ainda existentes que nos impedem de alcançar a unidade plena. Cristo quer que sejamos um só, para que o mundo possa acreditar (cf. Jo 17, 21).

Muitos membros das nossas comunidades anseiam por receber a Eucaristia a uma única Mesa como expressão concreta da unidade plena. Temos experiência da dor de quantos partilham toda a sua vida, mas não podem partilhar a presença redentora de Deus na Mesa Eucarística. Reconhecemos a nossa responsabilidade pastoral comum de dar resposta à sede e fome espirituais que o nosso povo tem de ser um só em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no Corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo dos nossos esforços ecuménicos, que desejamos levar por diante inclusive renovando o nosso empenho no diálogo teológico.

Rezamos a Deus para que católicos e luteranos saibam testemunhar juntos o Evangelho de Jesus Cristo, convidando a humanidade a ouvir e receber a boa notícia da ação redentora de Deus. Pedimos a Deus inspiração, ânimo e força para podermos continuar juntos no serviço, defendendo a dignidade e os direitos humanos, especialmente dos pobres, trabalhando pela justiça e rejeitando todas as formas de violência. Deus chama-nos a estar perto de todos aqueles que anseiam por dignidade, justiça, paz e reconciliação. Hoje, de modo particular, levantamos as nossas vozes para pedir o fim da violência e do extremismo que ferem tantos países e comunidades, e inumeráveis irmãos e irmãs em Cristo. Exortamos luteranos e católicos a trabalharem juntos para acolher quem é estrangeiro, prestar auxílio a quantos são forçados a fugir por causa da guerra e da perseguição, e defender os direitos dos refugiados e de quantos procuram asilo.

Hoje mais do que nunca, damo-nos conta de que o nosso serviço comum no mundo deve estender-se à criação inteira, que sofre a exploração e os efeitos duma ganância insaciável. Reconhecemos o direito que têm as gerações futuras de gozar do mundo, obra de Deus, em todo o seu potencial e beleza. Rezamos por uma mudança dos corações e das mentes que leve a um cuidado amoroso e responsável da criação.

Um só em Cristo

Nesta auspiciosa ocasião, expressamos a nossa gratidão aos irmãos e irmãs das várias Comunhões e Associações cristãs mundiais que estão presentes e unidos connosco em oração. Ao renovar o nosso compromisso de passar do conflito à comunhão, fazemo-lo como membros do único Corpo de Cristo, no qual estamos incorporados pelo Batismo. Convidamos os nossos companheiros de estrada no caminho ecuménico a lembrar-nos dos nossos compromissos e a encorajar-nos. Pedimos-lhes que continuem a rezar por nós, caminhar connosco, apoiar-nos na observância dos compromissos de religião que hoje manifestamos.

Apelo aos católicos e luteranos do mundo inteiro

Apelamos a todas as paróquias e comunidades luteranas e católicas para que sejam corajosas e criativas, alegres e cheias de esperança no seu compromisso de prosseguir na grande aventura que nos espera. Mais do que os conflitos do passado, há de ser o dom divino da unidade entre nós a guiar a colaboração e a aprofundar a nossa solidariedade. Estreitando-nos a Cristo na fé, rezando juntos, ouvindo-nos mutuamente, vivendo o amor de Cristo nas nossas relações, nós, católicos e luteranos, abrimo-nos ao poder de Deus Uno e Trino. Radicados em Cristo e testemunhando-O, renovamos a nossa determinação de ser fiéis arautos do amor infinito de Deus por toda a humanidade.

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